quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

All that she wants

Publiquei um troço aqui e dez minutos depois era o QUINTO COLOCADO numa busca do Google.
Ou tô postando sobre umas coisas muito sobrenaturais, ou tenho relevância neste mundinho.




(sim, foi uma piada.)

Cherry pie

O mundo dá voltas... e às vezes meu guru Dalí se aproveita e faz uma bagunça antes dele voltar à posição normal.
E aí me vejo aqui, a outrora paladina da luta antitabagista (agora em versão light, defendendo apenas o direito dos outros respirarem ar puro e o viciado que se enfumace), acompanhada dum Santa Rosa Torrontés 2006 e um maço de LA cereja.
A respeito, o brilhante Rafa Teixeira já publicou:

Mentir é assim. Leve suave, como um trago de cigarro. De cereja. Não gosto dos outros, deixam um cheiro ruim nos dedos, não saem com água nem com sabão. Passam pro seu cabelo, pro seu rosto. É fácil sentir que você fumou um cigarro comum. Um de cereja, tem gosto de dropes. Mentiras rudemente visíveis também impregnam o mentiroso.

Por isso minto sabor cereja, suave. E sinto a fumaça sair, e sinto as palavras esconderem e sinto quase uma verdade, que acaba nas cinzas da bituca jogada no chão. Piso, ando e tiro mais uma do bolso, e lhe ponho fogo, e deixo queimar antes de tragar.

Penso que um dia morrerei. Penso não. Tenho certeza. Estarei sentado, sozinho como sempre, cheiro de cereja na boca, olhos semi-cerrados no limbo que se tornará minha vida depois que tudo acabar em fumaça tóxica. Um cigarro escorregando dos meus dedos, sentado em uma poltrona qualquer ou até mesmo no sofá, ou deitado na cama. Uma cinza grande, pois mal fumei o cigarro dessa vez. Cairá e ateará fogo em alguma coisa que nunca dei importância, e tudo começará a queimar.

Talvez sinta o calor, talvez sinta o fogo beijar meus pés, e algo parecido com dor, e algo parecido com uma mentira jogada como uma lança, atravessando o sabor de cereja. Pensarei em abrir os olhos e me salvar, mas deixarei tudo escuro, até mesmo abrirei os olhos, só um pouco, para ver minha pele enegrecer e virar mentira também.

E dormirei. Quando sentir fumaça, fogo e aquele leve cheiro de cereja. Tênue, passageiro, como minha vida sempre foi.

E durmo. E minto. Porque não passo de um escritor. Um fumante de cigarros de cereja.


Aliás, é hora de carregar meu Zippo.

Pack your memories

Curioso é eu ter perdido meu pingente da Sacré-Coeur justamente em 28 de janeiro.

I'll fly with you

Morro e não vejo tudo.
Gravação telefônica da Infraero desejando aos clientes um bom Carnaval e que, se forem utilizar os serviços aéreos, que fiquem de sangue-doce.
Meu filho, sangue-doce é PRECISAMENTE o que está faltando neste corpitcho.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Here comes the sun

Como diria o Pedro Bial, protetor solar é muito importante.
Deve ser por isso que eu tenho oito tubos no banheiro e mais um na bolsa, dos mais variados tamanhos e marcas, variando entre fps 30 e 90.

Boulevard of broken dreams

É realmente curioso que justamente na data de hoje o Globo publique duas crônicas como as que eu acabo de ler.
A primeira, da Martha Medeiros, chama-se "Lá na infância" e se dedica basicamente a comentar um livro. Mas termina com um período excelente: "Em vez de tentar escapar de certas lembranças, o melhor é mergulhar nelas e voltar à tona com menos desespero e mais sabedoria. Todos temos nossas dores de estimação. O que nos diferencia uns dos outros é a capacidade de conviver amigavelmente com elas."
E algumas páginas depois, lá está Marcelo Moutinho falando sobre "O braço do pai": "Mas era bom ter a certeza de que ele invariavelmente se mantinha presente para qualquer coisa. Porque hoje dói saber que o braço do pai não está mais por aqui. Nem que seja para me proteger das freadas que dá a vida."
O braço do meu pai nunca esteve lá. Nunca me defendeu de nenhuma freada. Nunca me buscou na escola em dia de chuva. Nunca me ajudou nos temas de matemática. Não me viu entrar no segundo grau, nem sair da faculdade - o que hoje faz exatamente sete anos.
Da última vez que nos vimos, ele levou uma fração de segundo para me reconhecer. Me atendeu à porta com um "pois não" pouco mais do que mordomesco. A então esposa ficou pulando que nem um mico por trás da porta entreaberta para tentar adivinhar o que é que estava acontecendo. E em seguida ele ligou para alguém da família, escandalizado, porque meus cabelos estavam pintados de vermelho.
Meu pai foi capaz de mover um processo judicial contra mim, e incapaz de corrigir o meu nome naquele maldito documento. Páginas e páginas interpelando legalmente uma pessoa que oficialmente não era eu. Páginas e páginas de incompetência jurídica, aliada a um mau-caratismo incomparável.
Esses dias li uma coluna do Carpinejar em que ele falava sobre ser pai, e conduzia todo o texto através de perguntas que queriam saber precisamente como era ter um pai. Eu quase escrevi pedindo que quando alguém soubesse, por favor me contasse. Porque infelizmente, se hoje em dia o braço do meu pai não me alcança mais, não consigo sentir nada além de alívio.

Salvation

Oh céus, meu mundo não está perdido. Há salvação para minha pobre alminha. Tá no G1 de hoje, ó:

Uma mesa cheia de papéis, uma sala bagunçada e gavetas desorganizadas. Tudo o que o mundo corporativo hoje classifica como negativo e tenta consertar com a ajuda de consultores e gestores da informação, o jornalista David H. Freedman e o professor Eric Abrahamson vêem como uma oportunidade de sucesso. E até escreveram um livro defendendo a tese.

Trata-se de “Uma bagunça perfeita” (Editora Rocco), que chega às livrarias brasileiras um ano depois do lançamento nos EUA. Na obra, os autores defendem que misturar materiais, recursos e pessoas, economizando em processos organizacionais, pode ser uma forma de gerar novas idéias e também de evitar gastos desnecessários.

Adivinhem só? Vou catar pra ler djá. E acrescentar mais um livrinho na minha macropilha.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Eat the rich

E a noite de sexta-feira, que começou no prosecco e terminou no Jack Daniel's, foi acompanhada de camarões e escargot.
Iés bêibi, mas confesso que se estivesse mais claro e eu pudesse ter olhado melhor para as lesminhas, acho que não tinha comido não. Se na penumbra eu já achei com cara de mini-língua de boi... pelo menos a textura não é gosmenta como eu tinha imaginado.

Cidade Maravilhosa

Ah, como eu adoro ser repetida em minhas opiniões.
Que me desculpem os cariocas, mas as frases do Evaldo Cabral que Mello que o Ancelmo Góis publicou no Globo de hoje são, no mínimo, a mais pura verdade na maioria dos casos. Repito: perdeom-me os que não fazem parte do grupelho, mas olha que espetáculo:
"Sem Dom João VI, o Rio não passaria hoje de uma Santos à margem da Guanabara. Não teria o Jardim Botânico e outras obras que inflam o ego tão vulnerável do habitante da cidade." E completa, comentando a tentativa de fazer da comemoração dos 200 anos da chegada da família real uma festa nacional: "o açodamento limita-se ao Rio, e é produto a mais do narcisismo coletivo do carioca, que, acreditando-se o mais cosmopolita dos brasileiros, é, na verdade, o mais provinciano."
Uhú! Não discuto mais.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

I wanna talk about me

- Pooooxa, achei que você já estivesse boa!
- E eu ESTAVA.
- O que houve?
- Parei de dormir direito de novo.
- Tem alguma coisa te angustiando, te causando sofrimento?
- Não... (como é que eu vou dizer que sofro pelo mundo, pelas pedras, pelas andorinhas e pelo sol escondido atrás das nuvens?)

Nem às paredes confesso

Dois vexames homéricos no mesmo dia não é pra qualquer um.
O primeiro foi que... ahm... eu simplesmente não consegui levantar para ir à terceira aula do meu sensacional cursinho de degustação de vinhos. E hoje era dia de espumante. Mas não pensem vocês que o curso é às oito da manhã, não. Trata-se de um curso noturno, que começa às dezenove e quinze. Culpa da minha inglória insônia. Que merda. Não estou nem um pouco orgulhosa disso. Só espero que o retorno ao mundo das tarjas pretas dê um jeito nisso.
O segundo... ah, esse sim: nem às paredes confesso. Só digo que é algo pouco abonador para minhas seleções musicais.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Conquistador barato

E como é época de terminar tarefas inacabadas e enterrar mortos já há muito defuntos e insepultos...
mais umas pérolas para a série "diálogos para a posteridade":
- Não sei se vou conseguir conviver com você. Para mim é impossível passar uma noite inteira me divertindo com uma mulher que não vai pra minha cama no final.

- Promete que quando você quiser ficar com alguém vai me ligar? Tenho certeza que sou uma das suas opções.

- Seus amigos não gostam de mim. Deve ser porque eles te protegem e sabem o que é melhor pra você.

- Por que tu insiste tanto em me ver?
- Porque eu queria acordar com você em cima de mim.
- Ah, então não é por minha causa. Tu quer é acordar com alguém em cima de ti, não importa quem.

- Tchau, a gente se fala. Aparece aí.
- Aham.
- Me liga.
- Aham...
- ... Não! Sério! Eu te ligo! Vamos no cinema uma hora dessas!
- Aham.

- Bem, vou tentar dormir já que você não quer me dar uma chance de te fazer feliz de novo.
- Che, essa chance nunca existiu. A gente dormia junto, só isso.

Funeral for a friend

E morreu não só o Heath Ledger como a Dora Bria.
E eu nem vi o Casanova ainda...
mas um cara chamado Heathcliff não podia ter uma boa sina mesmo - apesar de todo o talento, é impossível que um nome desse passe sem deixar algum tormento.
Como disse meu colega quadrimaníaco, "é... o Coringa matou mais um".
Aliás, mal posso esperar para ver isso.

Poeta sem nome

Totonho Villeroy, às ordens.

Venho de muito longe
Não me pergunte onde vou chegar
Eu só sei dizer
Que não tenho um comportamento comum
Mas procuro ficar
De pazes com a vida

Mas a minha sina me traz
Inquietudes demais
Isso excita minha alma
E me leva a buscar novas formas de ser

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Blue monday

Vivendo e aprendendo: a blue monday existe, e é hoje.
Os maravilhosos (e pelo visto desocupados) cientistas britânicos mediram várias variáveis sociais e concluíram que a última segunda-feira de semana cheia de janeiro é o dia mais triste do ano, para os ingleses.
Não é espetacular?
Enquanto isso... aqui na Baía, acordei com um chafariz vermelho em formato de nariz no meio da cara, pra combinar com a chuvarada que cai desde ontem e que devolveu um pouco de dignidade ao vestuário. Pela primeira vez no mês, dá pra pôr um sapato sem achar que estamos entrando numa sauna. Minha calça favorita fez RRRRRRREEEEC quando fui amarrar os sapatos e agora tem um duto de ventilação de um palmo na bunda direita. O pai duma colega minha morreu. E tudo isso antes das dez da madrugada.
O pior é que acabo achando que preciso agradecer ao anti-histamínico pelo poder de me fazer dormir.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Chilli con carne

Êita ferro.
O bucho véio de guerra aqui acostumou-se com peixinhos, camarõezinhos, franguinhos e toda ordem de carnes leves e esqueceu que domingo é dia duma rica duma picanha tostada, com aquele sal grosso de lei.
Agora tá ele aqui, reclamando.

Le roi est mort, vive le roi!

Eu juro por Deus: se passar mais um minuto deste maldito final de semana tendo sessões DR sobre erres que nunca existiram de fato vou dar um grito de abalar Bangu, o Vaticano e até Dubai.
Ô mundo mundo vasto mundo, dá uma volta e vê se desta vez não é de 360 graus, faizfavoire!

sábado, 19 de janeiro de 2008

Tea for two

Coisa boa é comprar o que a gente estava namorando há horas.
Agora sou a feliz proprietária dum jogo de louças Oxford de 42 peças...

***
E quem pensava que a história da minha senhoria se estancava por lá, estava enganado.
Ela bate na minha porta à tarde com o marceneiro pra medir a janela, e pra mandar fazer uma estante... e pra trocar minha mesa, porque "esta é pequena e com a outra você pode trabalhar melhor!"
Sem dúvida. Este diacho de mesa nova é quase do dobro do tamanho da outra... o que tornou meu pequenino apartamento ainda menor. Mas agora tenho uma mesa pra até seis lugares. Ha!

A promessa

No MSN:
- Vou ver um filme, bjs.
- E eu vou fazer uma mandinga pra ver se chove!

Cinco minutos depois...
aquele barulhinho lá fora.

Alguém quer os números da mega sena?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Ritual

O ritual é sempre o mesmo.
Ela liga o ventilador, senta na cama de um lado e se estende até o outro, fechando a cortina de voil.
Deita-se sobre o lado esquerdo do corpo, espichando-o pouco a pouco enquanto encolhe o lado direito. Dobra a perna direita e recolhe o braço direito em torno do travesseiro. Acomoda o bloco macio na curva do pescoço enquanto sente a firmeza da espuma contra as unhas, a fronha da exata medida do seu antebraço que agora descansa entre os travesseiros.
A cabeça aninhada, os cabelos acomodados no seu próprio cheiro. A orelha esquerda, surda dos barulhos de fora, impregnada do silêncio suave envolto em tecido e sono, enquanto a direita ainda segue o ritmo monótono do ventilador de teto com a dança das suas pás.
Os pés se mexem, fruindo da textura dos lençóis como se fosse uma coceirinha de leve. O pé esquerdo, vagarosamente esticado até que os dedos em ponta escapem na borda do colchão. O pé direito, balançando suavemente, medindo, escolhendo o melhor lugar para acomodar a perna que dele sobe.
Não há gatos na casa, mas poder-se-ia jurar que se ouve um ronronar de leve naquele quarto.
Pelo voil, o sol entra e contrasta sem brigar com o vento das pás.
E ao despertar... vai ser uma longa noite.

Mentira

Tem perna curta.
Pode ir meio longinho, mas nada que um pique atrás não alcance. E se for com um chopinho, então...
Legal, né?

***
E o efeito devastador duma frase engraçadinha.
"Meu namorado é um não-safrado. Pergunte-me como!"
Uma pessoa perguntou como (esperto!) e outras várias "Você está namorando???", para logo depois dizer "Aaaahhh bom, já tava até estranhando!"

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Mind on vacation

Ao abrir a garrafa, os aromas eram intensos e exóticos, sucedendo-se as camadas de frutas, especiarias, animais, flores; e, quando imaginei que fossem terminar, seguiam-se novos aromas, fazendo com que eu me sentisse envergonhado por não conseguir identificá-los. A boca, macia e sensual, apresentava perfeito equilíbrio, com raro predomínio da acidez, conferindo ao vinho frescor e moldura para a fruta decadente que invadia meus sentidos, de forma delicada e fina, com taninos de uma textura ainda não experimentada [...]

Éééé. E isso é só um vinho, na fala de Mario Telles Jr. Tudo bem que é um Romanée St. Vivant 1971, mas enfim.
Resumo: quem sabe falar, sabe metade do caminho.

Paradise

Minha senhoria é a melhor vizinha/avó e a pior administradora de imóveis que eu conheço.
Ela quase chorou pra me dizer que tinha de aumentar o meu aluguel (que não reajustou no ano passado), mas que o iptu e o condomínio permaneceriam iguais. Saiu correndo porque eu disse que iria precisar dum colchão novo, e em quinze minutos o menino da loja estava aqui tirando as medidas. Ao mesmo tempo, o encanador veio ver o que tinha a torneira do banheiro.
Enquanto isso, ela rapidamente diagnosticou que eu "precisava" de almofadas novas pro sofá.
E queria fazer um buraco no meu armário pra embutir a tevê.
Além, é claro, do orçamento da janela de alumínio que ela vai mandar fazer quando eu for viajar - isso se eu não me importar dela abrir o apartamento.
E se vocês pensam que essa história se estanca por aqui, estão enganados.
É óbvio que eu não ia sair da casa dela incólume: mui gentilmente ela me deu uma garrafa de cherry brandy.

Evening of love

No meu sonho, eu morava num apartamento com uma varanda linda e ampla, de frente pralguma paisagem - mar ou montanha, tanto faz.
E abria um belo rosé, como este agora, e bebia acomodada numa chaise longue só vendo essa chuva cair enquanto o sol está logo ali atrás.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Aquarela da Sbórnia

Tudo começou como no princípio do Universo, por Acaso. Como quando Deus fez o mundo, acendendo a luz no meio do caos e fazendo aquele alvoroço entre os seres das trevas. Daí pra organizar os bichos e os elementos da natureza levou um monte de dias e, ainda assim, as coisas não estão bem resolvidas! Lógico que a Sbórnia não surgiu por aqueles dias. Se assim o fosse, seria muito diferente e, provavelmente, bem mais interessante. Por exemplo, a Terra não teria essa forma arredondada como uma bola, nem rodopiaria feito boba em torno de si mesma. Afinal, qualquer sborniano de entendimento médio proporia coisas mais interessantes do que luz, água e sexo. Agora, porém, não é mais o momento de se consertar o mundo [...]. "Nada acontece à toa, a não ser o Acaso", como postulava Nietsnie Trebla, mesmo que algum deus tenha inventado o mundo com displicência, criando os planetas com as bubucas do seu nariz e jogando tudo ao léu, deixando-os girarem até hoje à toa, numa grande e aparente anarquia.

Prof. Frederick Ubaldo Kanflutz - arquiteto, urbanista e gênio.
aka Cláudio Levitan

The lion sleeps tonight

Pelo menos ele, já que naquela lógica de que o novo dia só começa quando a gente acorda o meu domingo teve 26 horas. E a minha segunda começou agora há pouco...

sábado, 12 de janeiro de 2008

Thank you

Nos agradecimentos do "Bruto", o Thedy dá crédito "A todas as pessoas que tiveram a generosidade de vir me dizer que as coisas que escrevi nas canções haviam sido 'escritas para elas'. Me fazem acreditar que eu estou trilhando um bom caminho."
Ontem eu entendi perfeitamente o que ele quis dizer.
No meio dessa experiência tão só que é a vida, poder dizer algo que serve para outro alguém é realmente muito compensador.
Obrigada.

Try my side of love

E como a antropologia não pode parar, lá fui eu para mais um baile charm no subúrbio.
Dessa vez, nos cafundós do brejo de Madureira... na quadra do Império Serrano. Pela terceira vez em um ano e meio, fui parar num lugar onde não faço a menor idéia de como é que se chega.
Estou ficando preocupada. Já é a segunda quadra de escola de samba que eu conheço.
Daqui a pouco vou querer botar uma daquelas sandálias lindjas das lojas do Saara, besuntar o corpo todo com glitter e sair rebolando.

Pep talk

O McDonald's podia promover um cursinho básico de inglês para seus funcionários. Pelo menos para garantir que a pessoa que pede molho Ranch seja compreendida, e não passe trabalho tentando imitar o que o atendente está querendo dizer com "rânchi".

Fear

Duas coisinhas de que tomei ciência ultimamente e que andam me deixando meio cabreira.
1. Um quilo de toxina botulínica - isso aí, o popular botox - é capaz de dizimar a população mundial.
2. A linha 174, aquela do sequestro que eu e metade do Brasil acompanhamos pela tevê no já distante ano 2000, mudou de número e eu já peguei esse ônibus algumas vezes.
Não é nada, não é nada, mas como eu não pago imposto pra ficar divagando...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Notícia boa



Até que enfim alguém entendeu.

Perdido no livro

Não sei o que esse cara tem, mas o tal do Markus Zusak tem o dom de me fazer chorar.
Primeiro foi com a Liesel, a menina que roubava livros.
Agora é Ed Kennedy, o guri australiano mensageiro. Ele não é dramático como a Morte narrando a história da Liesel. É até bem desbocado, e coloquial. Mas tem alguma coisa nele, sei lá.
Não que minhas lágrimas andem muito incomuns, mas putisgrila.

Enquanto as crianças dançam no jardim sob o céu noturno e as luzes, vejo uma coisa.
Lua e Marie estão de mãos dadas.
Parecem muito felizes, curtindo este momento, vendo as crianças e as luzes em sua velha casa de alvenaria.
Lua beija Marie.
É só um beijinho de leve nos lábios.
E ela retribui o beijinho.
Às vezes as pessoas são bonitas.
Não pela aparência física.
Nem pelo que dizem.
Só pelo que são.

***
Outra que hoje quase levou algumas lagriminhas, salvas pelo povo trabalhando em volta, foi Cíntia Moscovich com o seu "Mais ou Menos Normal". A guria filha de pais destrambelhados que mora no Moinhos de Vento foi um pouco demais para os meus delírios estrangeiros.

***
E no playlist: meu presente de amigo secreto, "Coração Ferido", "O Passado", e o Kama Sutra.
Porque eu sou monja, não santa.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Bebendo vinho

Estou impressionada com a minha determinação em cumprir as promessas de ano-novo.
Além da já mais do que comentada vida monástica, pela primeira vez na vida consegui ser disciplinada o suficiente para usar fio dental todos os dias e - delícia suprema - comecei hoje meu cursinho cujo lindo título é "Tradição, Conhecimento e Prática dos Vinhos".
Oh meu paizinho do céu. Acho que vou viciar nesse negócio...
começamos com um Bourgogne blanc 2006, Joseph Drouhin. Lição número 1: os borgonhas legítimos, se tintos, são sempre pinot noir; se brancos, chardonnay.
E fiquei me achando, porque o vinho da semana que vem é justamente o que dei de presente de natal para meu avozinho: um Etchart Privado Torrontés 2006.

***
Para ficar perfeito, só falta agora eu me inscrever numa escola de dança e resolver todas as pendências médicas, o que inclui criar vergonha na cara e ir ao dentista. A outra resolução, a maior de todas, depende de alguns outros quesitos externos, então não vou comentar.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Two princes

Caso 1

Eu sabia que o cara não prestava. Eu SABIA. Tava na cara dele e o sujeito sequer usava uma basezinha pra disfarçar.
Mas aquela têmpora meio grisalha falou mais alto quando ele sugeriu aquele vinho, só porque estávamos vivos, e estava friozinho. Aquela noite. No meio da semana.
Era perfeito. Ele vinha e ia embora, e pronto. Tudo ótimo.
Chegou já chegando, me botando no colo, pondo música no meu computador, tomando vinho, me perguntando coisas, me contando casos, besteiras.
Só que ele fez questão de estragar tudo.
Dormiu dizendo que dali a pouco ia embora, mas agarrado na minha mão como se fosse o último vestígio de humanidade sobre a terra. E acordou no outro dia, dando bom dia como se fosse o dia da Criação, enquanto eu não dormi pensando que ele ia embora dali a alguns minutos.
Oh shit.

Caso 2 (o contraponto)
Eu não sabia muito do cara, mas achei que ele prestava um pouco, pelo menos.
Mas aquela têmpora meio grisalha falou mais alto quando ele sugeriu que íamos tomar uma cerveja em outro lugar, e íamos dançar, que dançar era ótimo e era muito sedutor. E ele queria muito me ver dançando. Aquela noite. No meio da semana. A música, o papo.
Não era perfeito, mas era QUASE. A gente chegava e ia embora, e se falava depois, e continuava aquele papo. Ficou pra semana seguinte, e pronto. Tudo ótimo.
A gente chegou já chegando, enchendo a banheira, pondo música no rádio, tomando cerveja, rindo e contando casos, besteiras, debaixo do lençol feito cabaninha enquanto o ar condicionado tornava tudo mais agradável.
Só que ele fez questão de estragar tudo.
Não dormiu, porque eu não podia acordar.
E foi embora com tudo o que de bonito podia haver.
Oh shit.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Volte para o seu lar

A querida AnaRi estreou brilhantemente no Pensador Selvagem, falando sobre um tema tão comum e tão difícil: o lar.
Este não-lugar, esta sensação.
Tenho pensado nesse tema insistentemente, e não só por mim.
Um amigo, do alto dos seus cinquenta e dois-quase-três, separou-se esta semana. E está simplesmente perdido. Procurando desculpas pra voltar pra (ex-)casa. Nem limpou o pequenino apartamento que alugou: o desconforto é a justificativa. E na noite passada, levaram o carro dele, estacionado em frente ao edifício.
Ele, que é daquelas pessoas esfuziantes que não fica cinco minutos sem atender uma ligação, não sabe ficar sozinho. Saiu da casa da mãe para viver com a primeira mulher, e desta para o relacionamento com a segunda, e última até agora.
Aprender que o lar é dentro da gente é complicado...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Speech

É foda.
Pra que dormir a noite, não é mesmo, se ficar acordado pensando bobagem é tão mais interessante? Por exemplo, inventei ontem um mini curso prático de análise do discurso.

Confesso minha ignorância mais do que a desejável no ramo da epistemologia. Mas reconheço que me considerei totalmente imersa num mundo socioconstrucionista desde que descobri do que se tratava. E mais: quando soube que alguém já tinha enunciado que "tudo é narrativa", a análise do discurso dominou minha visão de tudo o que me ocorre.
Dito isto, vejamos.
A pessoa manda um e-mail basicamente dizendo que
ouvi uma música e me lembrei de ti. como estás? como foi de ano-novo?
E recebe como resposta
Oi, estou bem. Passei o ano-novo com dois dos meus filhos e o mais velho chega em breve. Espero que o teu tenha sido bom. Pé na tábua em 2008.
Ora, analisando-se pelo viés francês, dir-se-ia pouca coisa além de tratar-se de uma troca de mensagens entre dois adultos urbanos no final do século XX, início do XXI. Francesinhos são assim: contextualizam tudo pelo macro.
Para olharmos este diálogo pela perspectiva sociointeracional, carecemos de um contexto mais específico. Os adultos do século XXI em questão não só se conhecem como se conheceram profundamente* há pouco tempo - coisa de menos de um mês.

- Interlúdio -
Ouvi numa conversa de botequim esses tempos uma teoria interessantíssima sobre como beijo na boca não se dá em qualquer um, que é um ato de grande grau de intimidade e confiança, etc. (doravante, denominada "teoria Linda Mulher").
Seguindo o mesmo raciocínio, por favor alguém me diga qual é o grau Linda Mulher dum momento de silêncio ouvindo música sob os lençóis.
- Fim do interlúdio -

Contexto dado, para bom analista está tudo nas entrelinhas. Afinal, é para isso que serve análise do discurso: para perceber o interdito.
A falta de recursos interrogativos que indiquem o interesse na manutenção do diálogo - lembremos, trata-se de uma interlocução virtual, carente de elementos não-verbais que funcionem como pistas de contextualização - é clara. Ao conduzir sua missiva através de orações meramente afirmativas, o locutor está manifestando sua polidez na resposta, ao mesmo tempo em que exclui as alternativas de continuidade.
Assim, ficarão sem respostas também várias outras perguntas formuladas anteriormente, em momento mais ou menos íntimo, dependendo do grau atribuído na escala Linda Mulher referida em nosso interlúdio.

E para nossa próxima lição de análise do discurso, prometo estudar melhor a análise crítica e trazer ricos exemplos, quem sabe até uns slides super elucidativos.

*Piada mesmo é a pessoa ficar usando eufemismos idiotas como este num tópico que começa com "É foda".

The evil that men do

Das coisas pitorescas que aprendi aqui no Rio, sem dúvida os ritos de final de ano são os mais interessantes.
Esqueçam aquele negócio de peru no Natal e porco no Ano-Novo: aqui é bem mais comum bacalhau e peru, ou o que tiver, respectivamente. E tem ainda o misterioso Dia de Reis - que além de ser uma data interessantíssima do calendário cristão, ainda por cima faz o milagre de marcar hora pra desmontar o fuzuê do Papai Noel.
Pois não bastasse tudo isso, ainda fui agraciada com a chance de conhecer e frequentar uma família que fez desse dia uma tradição. Há sei lá eu quantos anos - pelo menos duas décadas, com certeza - aquele povo ótimo faz uma festa de arromba no Dia de Reis. A função é inacreditável: tem simpatia pra todos os gostos, começando pelos carocinhos de romã atirados pela janela em honra de Belchior, Gaspar e Baltazar, passando pela folha de louro pra colocar na carteira e chegando na rosca com papeizinhos na massa, que dão direito a brindezinhos incrivelmente simpáticos providenciados pela dona da casa. Isso sem falar no resto do cardápio, com o estonteante bolo de chocolate da tia com sorvete, cachorro quente, sanduichinhos e todo tipo de parafernália capaz de animar uma festa para... hm.... eu diria talvez cinquenta cabeças. Ah sim, e fora tudo isso todo convidado sai de lá com um mimo especial de dia de Reis, para dar sorte durante o ano todo. Neste ano, foi um saquinho com bobagenzinhas do tipo band-aid, borracha em formato de coração, velinha... e para cada coisinha a dona da casa inventou um argumento irresistível que dá vontade de andar com o kit de ano bom na bolsa para todo o sempre. Tipo batkit, sabe? Tudo uma delícia.

Pois então. E ainda tem gente que tem o culhão de estragar esse tipo de festa. Só matando.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Time

Ticking away the moments that make up a dull day
You fritter and waste the hours in an offhand way.
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way.

Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain.
You are young and life is long and there is time to kill today.
And then one day you find ten years have got behind you.
No one told you when to run, you missed the starting gun.

So you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
And Racing around to come up behind you again.
The sun is the same in a relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death.

Every year is getting shorter, never seem to find the time.
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desparation is the English way
The time is gone the song is over, thought I'd something more to say

É.
Tem gente que pesca o que a gente quer dizer assim, de cara.
Aconteceu ontem, papeando pelo msn, e essa sugestão me veio.

Waiting for someone or something to show you the way.

***
Variações sobre o mesmo tema: tempo.

1. Ontem fui assistir "O Amor nos Tempos do Cólera".
Tá, tá bem longe de ser um pusta filme. Mas é altamente recomendável - exceto para mocinhas românticas demais. Afinal, quem não há de se emocionar com um amor que leva cinquenta e três anos para se concretizar? Se eu já saí do cinema com a cara levemente úmida, um coração mais fraquito se desmonta todo. Talvez se eu tivesse ido com a cara da mocinha eu tivesse me destruído. E de brinde ainda tem a Fernanda Montenegro, que não está magistral mas dá pro gasto. Bem mesmo, só o Javier Bardem matando a pau e o Ben Bratt que arrasa. Dou um desconto pra pobre mocinha cujo nome me falta porque nem a maquiagem ajudou.

2. Dei uma voltinha básica pelas lojas de bugigangas de Copacabana e, voilà, meu jogo de louças sonho-de-consumo a um preço ridiculamente mais barato do que eu estava quase comprando.
Se não fosse a minha proverbial indecisão taurina para investir dinheiro em algo que não tive tempo de pesquisar...

3. Esse primeiro final de semana em ritmo monástico foi tão especial que já estou com pena de ser domingo. De brinde, ganhei um filme com o Kiefer Sutherland na madrugada. Mal posso esperar pela próxima sexta-feira.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Here comes the sun

(Re)Vi a Amélie Poulin.
E sonhei, hoje.
E no meu sonho as pessoas ligavam as tevês nas suas casas e estava passando em rede nacional um comunicado da Sociedade Brasileira de Dermatologia, que dizia basicamente que ser branco não é crime, e que "pegar uma corzinha" não só é desnecessário como faz mal a longo prazo. E proibindo terminantemente a população de insinuar qualquer coisa a respeito dos pobres caucasianos dos quatro costados, e estimulando a todos a chamarem os queimados de sol de "churrasquinho".
Mas aí acordei, e lembrei que a resposta para meu sonho estava no filme: são tempos difíceis para os sonhadores.

Waiting for the miracle

Uma vezinha só na vida eu queria que estas cartinhas funcionassem:

O 8 de Espadas emerge do Tarot como um arcano de conselho para este momento de sua vida, Luciana. Neste momento, não tome decisões. Você se verá numa situação de encruzilhada (se não estiver já em uma) e sentirá enorme dificuldade em decidir qual o caminho mais adequado a tomar. O que não pode ser resolvido, resolvido está. Espere até que a situação se acalme e você possa tomar atitudes mais decisivas. Os medos que você sente neste momento são justificados pela sua percepção de que qualquer decisão incorrerá em situações difíceis. Mas não se preocupe, pois a própria vida se encarregará de dar uma solução para todas as questões que lhe atormentam.

Conselho: Compreenda a inércia não como um problema, e sim como uma eventual solução.

***
Enquanto isso...
acordo com um arquivo há milênios desejado inteirinho na minha máquina.
E agora estou ouvindo o brilhante "O Sorriso ao Pé da Escada".
É... quem espera...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Você

Eu escrevi:

Eu passei uma tarde inteira pensando em te escrever te contando como o tempo é sempre o meu maior inimigo. Mas não sabia se tu estavas interessado nisso, então deixei pra lá.
Deixei pra lá também as perguntas que ficaram sem respostas naqueles dias em que o tempo, mais uma vez, estava brincando comigo, ou com a gente.
Mais uma vez, deixei pra lá tudo o que eu gostaria de fazer. Porque mais uma vez meu olhar está sempre no outro e na sua percepção. No que o outro está afim de fazer, no que o outro está esperando. Esperando o passo do outro.
Eu sei que não é o certo, mas se fosse o certo não era eu.
Não é porque era final de ano que eu ia acertar. Não é porque era um fim que poderia ser um começo.
É só mais um standby no meio de tantos outros.
É só mais uma interrupção.
É só mais nada.

E aí pus as Chicas pra cantar e elas, de conluio com o tempo, me fizeram ouvir isso:

Você desfoca, sai do tom

Se perde e não vê
Que a confusão começa dentro de você
Disfarça, acha graça, desmonta e sorri
Não aguenta o peso
dessa máscara que esconde você

Carrega o mundo e não vê que ser
Feliz é viver o presente e deixar fluir
O que sente e não se importar
Com que os outros pensam que você é
Quem é você?

Você que é tão sensata, tão cheia de si
Sempre fazendo festa e se sentindo tão só
Você que sempre agrada e sem perceber
Insiste em seguir um caminho
Que não é você

Sai do quarto, passa da porta e vai
Deixa o mundo ver
Sai do quarto passa da porta e vai
Quem sabe você?

No meu coração

... e no meu corpo o desânimo é tanto que até pra escolher que filme ver nestes dias doente tá difícil.
Decidir qualquer coisa, aliás, tá difícil. Até mesmo resolver levantar e parar de insistir em ficar no computador está um drama.
Uh-oh. Vai chegar o momento em que por puro desânimo vou acabar vendo a programação global. Por favor, alguém passa aqui e me interna.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

So sick

Meu corpo resolveu levar a sério minha resolução de emagrecer neste ano e entrou com tudo nessa. O problema é que ele se encarregou sozinho da obrigação, sem me consultar: há três dias nada do que como pára no estômago e ando incapaz de passar mais de duas horas longe de um banheiro. E com bastante papel, macio de preferência.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

New Year's Day

All is quiet on New Year's Day

Especialmente eu.

Eu bem que tentei entender qual é a lógica de comemorar um dia passando. É só mais um dia.
Só mais uma festa.
Só que tem o maldito calendário, a maldita ilusão. Mas no fim, dá tudo na mesma.
E eu, que pus até um bindi pra estancar a perda de energia pelo chacra, me pego lá pelas tantas respondendo a perguntas sobre se estou legal porque pareço esquisita.
Não estou esquisita. Só estou sendo eu mesma - menos esfuziante, com areia nos pés, dor de estômago e menos prosecco do que eu gostaria.
Mas ouvindo músicas ótimas, se é que isso me consola.