domingo, 27 de julho de 2008

Eu

O combo domingo de noite-crise alérgica histórica-nada de útil pra fazer só podia dar nisso.
Vasculhando blogs antigos... e re-respondendo questionariozinhos. Para fazer o jogo dos erros, consultar o blog de setembro de 2006.

Nome?
Luciana
Data de nascimento?
10/05/80
Local de nascimento?
Porto Alegre
Residência?
Rio de Janeiro
Olhos?
Verdes
Cabelos?
Sim, na cabeça. Ah... a cor... cor de burro quando foge. Cor de nada.
Altura?
1,65.
Destro ou canhoto?
Destra.
Ascendência?
Prussiana de três costados. Do quarto, suíço.
Signo e ascendente?
Touro e câncer.
Sapatos que usou hoje?
Nenhum ainda.
Fraqueza?
Preguiça, depressão, sistema respiratório. Praticamente uma flor de estufa, uma boneca de papel, qualquer sopro derruba.
Medos?
Vários.
Objetivo que gostaria de alcançar?
Descobrir o que quero fazer da vida, e conseguir viver bem com isso.
Frase que mais usa no MSN Messenger?
Não é uma frase, são os emoticons de carinhas sorrindo, uma de olhinhos fechados e a outra com a boca escancarada.
Melhor parte do corpo?
Hum... olhos. Colo. mãos.
Pepsi ou Coca?
não, obrigada.
McDonalds ou Bob's?
McDonald's. Do Bob's, só se salva o shake de Ovomaltine.
Café ou capuccino?
Capuccino. Ou o café da minha Bialetti. ;)
Fuma?
Nopes.
Palavrão?
Sim, direto. É feio, mas azar. Incontrolável. E depois que vim pro Rio, só piorou.
Perfume?
Pleasures, Herrera for men, L'eau d'Issey, Lovely, CK One.
Canta?
Canto. Mas ninguém ouve, pelo bem da humanidade.
Toma banho todo dia?
Obviamente. Às vezes mais de um.
Gostava da escola?
Não. Era um etzinho nerd quatro-olhos, como é que eu ia gostar?
Quer se casar?
Não creio que vá repetir o mesmo erro.
Acredita em si mesmo?
Nem sempre. Às vezes a cara de pau é maior do que tudo, hehehe
Tem fixação com saúde?
Não. Se tivesse não tinha meus achaques somáticos.
Se dá bem com seus pais?
Com a minha mãe, sim.
Gosta de tempestades?
Acho que sim.
No último mês...
Bebeu álcool: nuóssa.
Fumou: Não. E com a nova lei anti-fumo, até o fumo passivo diminuiu bastante.
Usou drogas: ilícitas? não.
Fez saliência: ô.
Foi ao shopping: acho que não. Vale a Saara?
Comeu um pacote inteiro de Oreos: não. Ainda existe essa bolacha?
Comeu sushi: sim!
Subiu ao palco: não.
Levou um fora: não.
Fez biscoitos caseiros: não.
Pintou o cabelo: não. faz um pouco mais de um mês.
Roubou algo: Não.
Já tomou um porre?
ô.
Já apanhou?
Já.
Já bateu?
Já.
Número de filhos?
De quem?
Como você quer morrer?
Dormindo.
Onde você fez faculdade?
UFRGS
Piercings?
Nope.
Tatuagens?
Sim. Adoro, em mim e nos outros. Por enquanto, só tenho uma, mas vamos dar um jeito nisso em breve.
Quantas vezes seu nome apareceu em jornal?
Que eu saiba, duas. contando o listão do vestibular.
Cicatrizes no corpo?
De catapora, de uma vez que raspei a mão na parede, da vez que dei de boca no sofá, de quando caí de cotovelo na areia na escola... todas pequenas. Se eu não contar, ninguém vê.
Do que você se arrepende de ter feito?
Mais fácil arrepender do que não fiz...
Qual sua cor favorita?
Preto. Roxo. Azul. Vermelho. Todas as dessa cartela. Ou seja, tudo que não tenha amarelo.
Me fale sobre um talento ou habilidade que você tem e que eu ainda não vi ou descobri.
Sou boa doceira. Gosto de fazer tortas e tenho até uma batedeira planetária.
Qual sua disciplina favorita na escola?
Literatura e história. mas não quer dizer que eu ia bem, não.
Diga um lugar no qual você nunca esteve, mas que gostaria de visitar algum dia (aqui ou no exterior).
Vale a Europa toda?
Você é uma pessoa matutina ou noturna?
Já não sei. Sei que minha cama me chama e me pede a toda hora.
Os astronautas pousaram mesmo na Lua ou foi tudo armação?
Foi uma armação, ou vocês acham que os EUA iam ficar pra trás do Kubrick no 2001?
O que você tem no bolso? (Ou, se não há nada no momento, que tipo de coisas geralmente estão lá?)
As chaves de casa, identidade, dinheirinho trocado, celular e Sorine.
Em 10 anos, você se vê... (termine como quiser)
Balzaca.
Falta energia e você não tem um gerador. Isso quer dizer nenhum eletrônico: computador, TV, vídeo, aparelho de som, etc. O que você faz para se manter aquecido, contente e entretido?
Deito e durmo.
O que você jamais comeria?
Rã, cobra, répteis em geral, moréia. Depois da experiência escargot...
Quanto tempo de TV você assiste por dia?
Assistir, de prestar atenção, uma hora, em média. A novela das oito. E o CQC, segundas.
Fale sobre um filme ou programa de TV obscuro e diga por que deveríamos assisti-lo.
Betty Blue. A fotografia é ótima e a performance da Béatrice Dale faz todo mundo ter medo da insanidade.
Fale sobre uma banda ou talento musical obscuro e diga por que deveríamos ouvi-lo.
Nada obscuro, mas os talentos regionais do RS tipo Vitor Ramil mereciam mais projeção.
Se tivesse que escolher, você preferia estar com muito frio ou com muito calor?
Bah! Entre a cruz e a caldeirinha...
Um dia haverá um evento em sua vida tão grande que lhe arrancará da obscuridade e fará seu nome conhecido em todo mundo. Especule sobre o que vai lhe trazer seus 15 minutos de fama.
A maluca que sequestrou o Kiefer Sutherland no Rio de Janeiro - e descobre-se que ele sofre de Síndrome de Estocolmo. Droga, perdi a chance.
Qual seria a sua última refeição se você estivesse no corredor da morte?
Aiaiai...
Qual sua lembrança mais antiga?
não sei... Talvez as balinhas da Confeitaria Colombo da casa da minha avó.
Se você tivesse direito a 3 desejos, qual seria o terceiro?
pode pular essa?
Qual seu vegetal favorito?
Pepino japonês.
O que você queria ser quando era criança?
Professora, eu acho. não me lembro.
Qual o seu time, e por quê?
Grêmio. Com direito a duas camisetas, bandeira, chapéu. Mas tenho fases mais boleiras, outras menos.
Qual sua canção favorita no momento?
Bah! são tantas... ando ouvindo repetidamente uma do Dalto. E "Memória dos Bardos das Ramadas", sempre.
Onde você morou?
Em duas casas em Canoas, num apê gigante na Rua da Praia, num apê pequenino na Lima e Silva, num apê perfeito na Duque, e agora num apê pequeniníssimo na Raul Pompéia, no poshto seish.
Quando criança, quais eram o seu brinquedo, livro, programa de TV e personagem de desenho animado favorito?
Brinquedo: Um cachorro de pelúcia, o Samuel. E a Barbie, depois dos nove.
Livro: Uma graça de traça, A jibóia Gabriela...
Programa de TV: Bambalalão, Xuxa.
Personagem: não sei

Mostre-nos uma foto de como você era adorável quando criança.
Esquece. Procurem.
Se você pudesse roubar algo, certo de que não seria pego, o que seria?
Livros. E bebidas.
Se você pudesse vandalizar algo sem medo de ser pego, o que seria?
Nada. Não quero vandalizar.
Se você pudesse entrar em um lugar onde não tivesse permissão e ninguém descobrisse, qual seria?
Hum... a ilha do Amyr Klink.
Existe algum assunto do qual você sabe mais do que qualquer pessoa que você conheça pessoalmente?
Talvez.
Você testemunhou contra a Máfia e tem que deixar o país. Aonde você iria para começar sua nova vida, e que carreira iria tentar?
Iria pra Buenos Aires ser livreira, ou abrir um pub.
De quais eventos olímpicos você gosta mais e menos?
Gosto das ginásticas, dos saltos ornamentais, do vôlei. não vejo lutinhas.
Se você pudesse incluir ou criar um novo esporte olímpico, qual seria?
sei lá.
O que você está ouvindo neste momento?
Vitor Ramil.
Qual foi a última coisa que você comeu?
Amêndoas.
Primeira coisa que você nota no sexo oposto?
Não é algo que se descreva. Tem que dar liga, entende?
Bebida favorita?
Água com gás. Bourbon. Vinho.
Bebida alcoólica favorita?
Bourbon. Mas o vinho está quase tomando o posto.
Você usa lentes de contato?
Yep. Há quatorze anos.
Irmãs ou irmãos:
Um irmão.
Mês favorito:
sei lá...
Comida favorita:
Gosto de tanta coisa! Em geral, as que tem algum tipo de pasta, alguma carne e algum legume. E comida japonesa.
Último filme a que assistiu no cinema:
Hum... Sex and the City.
Você consegue tocar seu nariz com sua língua?
Nope.
Qual a primeira coisa em que você pensa quando acorda pela manhã?
Alguém pensa pela manhã? Eu não.
Como é o seu wallpaper?
Uma foto p&b dum casal dançando tango numa rua de paralelepípedos à noite.
Sugira algo para ler, algo para assistir:
Para ler: Caio F., Markus Zusak, Cem Anos de Solidão. Para assistir, fiquemos com o CQC, prestigiando o amigo Rafinha Bastos. Jornalismo com humor e respeito.
O que lhe irrita acima de tudo... Aquele momento terrível que faz com que você perca totalmente sua compostura e queira chutar, gritar e bater em algo com um porrete?
Fumantes mal-educados, gente que grita, gente relaxada que joga lixo pela rua, gente grossa, gente pragmática e maniqueísta demais.
Admita, você não é perfeito... O que você faz e que deixa as pessoas irritadas?
Sou preguiçosa, desorganizada, às vezes irritadiça. Mas tento me controlar e fugir do convívio dos outros quando me percebo assim.
Nasceu em que dia da semana?
Sábado. Senão minha mãe não teria o primeiro Dia das Mães dela.
Ator favorito?
Kiefer Sutherland, Johnny Depp, Philip Seymour Hoffmann, Pacino, Jeremy Irons, Andy Garcia, John Cusack. Todos por critérios diferentes, of course.
Instrumentos que toca?
Pedrinha n'água. Sou perita. Mas falando sério, uma vez na vida eu soube tocar piano.
Internação em hospital?
Aquelas horas intermináveis tomando soro com analgésico intravenoso valem?
Religião?
Católica de batismo. Mas estou estudando a wicca.
Qual seu aparelho eletrônico favorito? E qual aparelho você gostaria de ter?
O favorito e imbatível: computador. Não vivo sem. Eu gostaria de ter uma máquina digital agora.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

The blower's daughter

Amanhã vai passar um dos filmes mais controversos da minha predileção fílmica.
Da primeira vez que vi "Closer", torci um pouco o nariz. Não achei graça, não achei sentido.
Mas aí vi pela segunda vez, já aqui no Rio. E pronto, o circo todo ganhou novas cores e eu comecei a achar um grande filme.
Igualzinho ao "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças".

Eu tive um sonho

Vou te contar:
eu andava pelas ruas vazias da madrugada na Cidade Baixa, me equilibrando sobre umas pernas de pau de uns 50cm de altura, amarradas aos meus sapatos roxos.
Caminhando ao meu lado, um sujeito só de meias, que não reconheci a princípio.
Por algum motivo (um de nós falou, ou fez algo, não lembro bem) nós nos olhamos, e nos reconhecemos.
Era ele.
Que me cumprimentou, e levou para a casa dele - uma espécie de república, com outros dois casais morando, eu acho. E a gataria toda.
Ela me mostrou a casa, e o quarto deles tinha três camas de solteiro. E pediu meu telefone, ao que a lucidez do meu sonho replicou em pensamento "Pra que é que esta zinha quer meu telefone? Pra me humilhar?"
Um dos outros moradores pegou um violão e começou a tocar. Alguém me ofereceu algo pra comer, ou beber, e eu recusei. E fui embora, e já era dia, e era um lindo dia de sol. Mas não saí antes de pegar um deles no colo, afofar aquela barriga, ouvir aquele ronronar que tanto me faz falta.
Juro que senti quatro patinhas andando no meu quadril esta noite...

Surfista calhorda

Ele é cafajeste, ele tem uma dicção péssima, ele tem um figurino beirando o medonho.
Mas eu dava um dedinho pro Dodi do Murilo Benício passar uma temporada aqui em casa.

Try (just a little bit harder)

Vâmo lá, rapaziada.
Elfos e duendes, me ajudem dessa vez.
Eu não vou suportar se fracassar pela quarta vez na tarefa de manter uma planta viva.
Dessa vez, pra variar, é uma mini samambaia havaiana, ao invés dum kalanchoe.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

P da vida

O que eu queria mesmo saber é pra que é que eu gasto mais de 200 pilas com esta porcaria de plano de saúde se quando eu preciso fazer um exame um pouco mais elaborado é um deus nos acuda como se eu estivesse pedindo uma audiência com o Papa e o Bush em pessoa.
Ocorre que eu sou só mais uma na multidão de mulheres que sofre com aquele negócio que ainda tem guasca que acha que é frescura: tpm. Sempre foi um tormento. Quando eu era adolescente, o troço chegava a cúmulos de quase-desmaios, inutilidade total, suores e calafrios ao mesmo tempo, hemorragias absurdas, enjôos. À época, meu irmão menor presenciou um desses ataques e, se ele conseguiu esquecer, eu não me esqueço do olhinho dele arregalado, em pânico e indeciso entre me dar um ventilador ou uma coberta em pleno janeiro, empapando o sofá de suor e me torcendo de dor.
O advento da pílula, além de me livrar da grande paúra de engravidar, diminuiu consideravelmente o sofrimento. Só que é aquilo, né. Hormônio é hormônio. Parei de tomar um tempo pra dar uma respirada... e tinha tentado fazer o mesmo quando vim aqui pro Rio, mas desisti no primeiro mês de sintomas beirando o intolerável. E um ano depois, a coisa começou a ficar ruim pro meu lado de novo. A médica acertou em cheio: pílula forte demais. Só que agora tá ruim de novo. Elefantes sapateiam no meu abdômen, agulhas gigantes de crochê pinçam minhas entranhas, grilhões atam-se nas minhas pernas e ganho um martelo portátil que fica ribombando minhas têmporas: um escândalo pra quase-nada de sangue, dois dias, três e olhe lá.
De uns tempos pra cá, a coisa despirocou de vez. O quase-nada virou enxurrada, fora de hora, a dor não cessa nem com Buscopan nem com reza, aquilo tudo. Lá foi ela, a médica, que é maluca mas não é doida: "Só pode ser duas coisas: descompensação hormonal ou endometriose. Vamos de cara pra uma ressonância e uma contagem hormonal. E um hemograma, porque você me parece mais branca do que o normal."
Íamos, né? Porque aparentemente menstruar pedaços sanguinolentos com cara de aborto, avaliados por uma profissional da saúde, não é motivo suficiente pra liberar meu exame. E como pelo menos pra exames de sangue a Golden Cross ainda não está me pedindo antecedentes criminais, a suspeita da descompensação hormonal, aos meus leigos olhos, hoje foi pras cucuias.
E meu hemograma, como sempre, tá lá, atestando que não, eu não preciso de fortificante, não estou anêmica e não como tão mal quanto parece nos meus 58kg. Só a série branca denuncia a alergia que não cede, e que acabo de ler que pode ser pura e simplesmente reação a stress agudo.

sábado, 19 de julho de 2008

Perigosas peruas

Pronto.
As últimas barreiras do bom senso consumista neste corpitcho foram quebradas ontem.
R$ 200 em rímel (violeta), delineador (uva), gloss (3D) e sombra Bourjois. A sombra, aliás, nem Bourjois é, é duma outra marca que eu nunca vi mais gorda e chama-se Art Deco (mas tem uma textura que benzadeus; tem de valer os quase R$ 25 numa embalagem quase do tamanho dum chip de telefone).
Tudo por causa dum maldito presente.

Freedom

A frase libertadora da noite de sexta-feira:
enfia essa pizza no teu cu.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Assalto

Segunda vez em dez dias.
Vem o pilantrinha imundo, tenta acompanhar o passo. Não escuto o começo do discurso, mas termina com "só me passa o telefone e o dinheiro, senão eu te dou tiro, te furo toda, e duvida pra tu ver só. Me dá o que tem no bolso senão te furo."
Tiro a mão do bolso. "Tenho nada não, magrão. Tenho só o remédio do nariz."
"Deixa eu ver."
Nisso eu ganho tempo, e o imundinho enfia a mão no bolso esquerdo - o que tem a pen drive e a chave. "Tô te dizendo, mané, só o remédio e a chave de casa."
"Deixa eu ver o outro."
Aí já estou perto o suficiente pra chamar a mendiga: "ô tia, olha aqui o malandro tentando me assaltar!"
O guri enfia a pen drive na minha mão e sai correndo, se desculpando. Era só uma brincadeira.

domingo, 13 de julho de 2008

Oh, Carol

É tu mesmo, guria.
A quem minha mãe chama de "minha filhinha carioca".
Que chama minha mãe de "mamy dos pampas".
Que me traz problemas porque todo dia descubro um presente novo que gostaria de te dar. Eu queria poder te dar o mundo, mas ele não cabe no bolso. Então dou o que posso: idéias, autores, sonhos.
Não preciso te dar compreensão, porque não preciso te compreender. Compreender demanda esforço, e não o faço para saber exatamente o que te ocorre. Talvez seja sinergia, energia, alegria, sintonia. Paz de espírito. Olho no olho, sisters in arms, abraço humano, gente de verdade que sofre e que ri, por si e pelo resto do mundo que não entende e não sabe o real sentido de ser honesto e sincero. Aos gritos, aos sussurros, às gargalhadas, aos soluços. Entre maus entendidos e subentendidos, entre o sol e a lua que nos premiam em Copacabana, entre taças de espumante, tulipas de chope e cuias de chimarrão, entre toda essa vida e contra tudo que é ruim.
Tamo junta na parada. É isso.

sábado, 12 de julho de 2008

Eu te amo

Mancebos de todas as praças: por gentileza, não façam mau uso dessa expressão.
Eu te amo.
Amar é um verbo tão carregado de mil coisas que não comporta uma leviandade, uma brincadeira, uma distração.
Um "eu te amo" dito de graça numa sexta feira à noite é capaz de destruir as expectativas de uma moça para o próximo mês. Ela ficará esperando pelo amor, em forma de telefonema, de e-mail, de flores furtivas entregues pelo mocinho que nada sabe dos amores que carrega.
Portanto, rapazes, usem o verbo "amar" com toda a cautela. E toda a razão que é permitida a quem ama.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Satolep

Sexta-feira, dia do filet mignon da classificação: literatura.
Não tem muito o que discutir. Números prontos, assuntos prontos, o cérebro pode dormir mais um pouco.
Cheguei entorpecida pelo inverno de dez da manhã na Baía, vento e sol meio morno, um convite ao nosso popular "lagartear".
Meio torturante entrar no salão. Aquele barulho, vrrrrrrrrrrrr, incontáveis máquinas gigantes de ar condicionado, revirando o ar poeirento dos séculos que pairam sobre nossas cabeças. E nenhum raio de sol lá dentro até as três e meia da tarde, quando ele invade sem cerimônia por uma fresta, nos obriga a uma pausa, desafia o trabalho na tela do computador.
Sento e pego a parte que me cabe no latifúndio literário, dividido entre os nove classificadores. Não reparo no que estou fazendo. É automático. 808.899282, literatura infanto-juvenil brasileira. B869.3, ficção brasileira. B869.1, poesia brasileira. 882, teatro grego.
Até que ele aparece. Primeiro à minha visão, depois ao meu tato, depois e para sempre no meu olfato.
Satolep.
O prometidíssimo segundo livro do Vitor Ramil.
Cheguei a dar um gritinho com aquela capa azul lavanda, o formato incomum, mais estreito, mais alto. Apertei o volume contra o peito.
Minha chefe ouviu e riu. "Lembrei do nome", disse.
Apertei novamente, ninei, finalmente abri o livro. O cheiro do papel novo, recém impresso, aquele cheiro seco e cinza que o couché nunca alcança. A brochura nova, estalando na minha mão. Aquela prosa, ansiosamente esperada. O palíndromo chamando. Satolep. O tempo também chama. Preciso produzir.
Ou seria melhor largar tudo e ir lagartear com Vitor?
(É claro que seria. Só quem entende a estética do frio sabe o por quê.)
Na memória, a lembrança dos primeiros parágrafos, das primeiras páginas, que me aguardam assim que eu comprar o livro. Nas mãos, o resto da produção do dia, implacável e absorvente.
Enquanto isso, alterno entre Satolep noite, no meio de uma guerra civil e as Memórias dos bardos das ramadas...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Hurricane

Fácil - fácil não, melhor - quando são os outros que enunciam no lugar da gente.
Primeiro, foi "o masculino é muito negativo na sua vida, né?"
E hoje, "tenho a impressão que a sua vida inteira foi um furacão. Você não teve nem tempo nem oportunidade de assimilar, de trabalhar sentimento nenhum".
Yeah, here comes the story of the Hurricane!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Brinquedos

Agora sou eu aqui descobrindo botões, closed caption, mil e uma coisinhas.
E também lendo desvairadamente, anotando mil coisas, aprendendo cores, cheiros, significados, quadrantes, rituais.
Pelo menos alguma coisa me desperta o interesse nesses dias.

domingo, 6 de julho de 2008

One step closer

Tô eu lá na esquina de casa, sete da noite, esperando as meninas, e vem o moleque de camiseta toda esgarçada, bermuda imunda e chinelo.
- blablablawhiskassachê e me dá porque eu só quero o telefone e o dinheiro senão eu te dou um tiro no meio da tua cara.
Olhei o guri de alto a baixo, vendo a Carol do outro lado da rua. Apertei a bolsa debaixo do braço e pensei em mim: brinco de três pilas da Renner, uma cordinha preta no pescoço com um pingente de resina (mal sabia ele que era de prata, uma inspiração do Gaudí trazida de Toledo), uma pulseira com a maior cara de biju, sem relógio, jeans, blusa preta, maria chiquinha. E mandei ver, seca:
- Não tenho.
O guri desmontou. Arregalou os olhos, levou uma fração de segundo pra recompor-se num sorriso:
- Tô brincando, tia. Mas me dá um dinheiro pra eu ir ali comer alguma coisa?
Repeti:
- Não tenho. Não tenho!
Aí a Carol vinha chegando e o guri deu o fora.
Fiquei pensando nele enquanto ele atravessava a rua e ia pro Pavão-Pavãozinho. Ah, se o chefe do morro sabe...

Pobre menina

De todas as coisas "de pobre" que eu já fiz na vida, nenhuma se compara a minha última traquinice.
Embrulhei os controles remotos da tevê e do dvd em FILME PLÁSTICO.
Ficou lindjo!
E meu controle black piano, imaculado e brilhante, está a salvo das gordurebas e poeiramas dos ricos dedinhos de todo mundo que vier aqui curtir meu super brinquedo novo...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Devil's slide

Receita para fazer uma criança grande feliz:
150 paus a menos no bolso e dois diabolos glow na mão.

***
"Aham. Temos esse de 120 mm e esse, de 150 mm. Qual a idade da criança?"
"Uhm... Trinta e cinco?"

terça-feira, 1 de julho de 2008

Vaca profana

Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo assim minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas

Sabem por que é que a vaca é sagrada para os hindus?
Por causa do leite.
Por que a cultura védica vê o leite como um alimento carregado de energia que combate a angústia e traz a sensação de conforto, de preenchimento, de acolhimento.
Vivendo, aprendendo e encontrando velhos amigos na rua, que aparecem do nada com estas pequenas lições do que é que realmente vale a pena saber.

Chatterton

Sangue, Sangue...

Chatterton suicidou;
Kurt Cobain suicidou;
Getúlio Vargas suicidou;
Nietzsche enlouqueceu;
E eu não vou nada bem.

Calma, calma. Não vou nada bem mesmo. Minha nova prescrição médica mais parece modelo de carro do que remédio, mas a chama da minha vela do anjo da guarda já está me dizendo: vai passar. O sangue vai parar. Não vou suicidar. Quanto a enlouquecer... como diria Caetano, de perto ninguém é normal (ou não).

Primeiro de julho

Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha, minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha
E não de quem quiser
Sou Deus, tua Deusa, meu amor...

*num oferecimento Transmimentos de Pensações Inc., vão lá na Ana ver o que fazem duas cabeças que pensam parecido...