segunda-feira, 29 de junho de 2009

Inveja

Ah, se inveja matasse... eu já estava até cremada a essa hora.
Que inveja que tenho de quem dorme até com baile funk no morro do lado...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Too young



RIP, Michael.
Estou chocada. E triste.
E dançarei hoje em homenagem ao best seller de todos os tempos.

No pain, no gain

Viagem pra Bonito? Que bonito é.
Mas nem pense em entrar naquele teco-teco sem tomar a injeção contra febre amarela, mocinha.

The power of love

Descubro com melancolia que meu egoísmo não é tão grande assim, pois dei ao outro o poder de me magoar.
Menininha, foi com carinho que lhe dei esse poder. É com melancolia que a vejo usá-lo.


Só mais uma amostra da pena de Saint Exupéry, poesia até mesmo escrevendo cartas.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Another day in paradise

Apesar de acontecer num horário bem esdrúxulo, minha sesta não tem me impedido de dormir à noite. Não maculou as adoráveis sete horas seguidas que dormi de sexta pra sábado, um evento que há muito não acontecia. Mas ontem, nem a pobrezinha da sesta ocorreu da maneira que eu esperava.
Já estava cansada do dia inteiro e achei então que um soninho viria bem... doce ilusão. Dormi pouco, e mal. E acordei mais desconfortável ainda. Pelo menos não sofro de tédio: sempre tenho o que fazer em casa. E um dos livros que eu mais queria ler estava me esperando na cama: Dewey (o gato, não as tabelas - se bem que talvez elas me fizessem dormir!)
Depois do banho, depois do ritual de beleza que adquiri há pouco, depois de todos os cremes, loções, remedinhos e que-tais, abri o Dewey. Tentei fechá-lo lá pela uma da manhã, mas preferi voltar a abrir o livro ao invés de ficar fritando na cama. E assim fui, até as quatro da manhã, até a página 120, quando a autora descobre mais um problema grave de saúde que a obriga a fazer uma mastectomia dupla. E, como era de se esperar, Dewey estava lá com ela.
E foi então que aconteceu.
Meu rosto se contraiu todinho enquanto os olhos marejavam e lágrimas mornas escorriam em silêncio. Não era o meu (já tradicional) choro desesperado, convulsivo, quase histérico, mais grito do que choro. Também não era o (ultimamente bem comum) choro automático, de lágrimas que pulam dos olhos como presos se libertando.
Era o choro do cansaço.
Cansaço do dia todo e da vida. Cansaço da cólica, da dor de cabeça, da dor de estômago que os próprios analgésicos estavam criando, do desconforto, da solidão. Senti-me sozinha e senti falta do toque de alguém - o toque que Dewey deu, que meus gatos me davam, que só os gatos sabem dar e que tanto me faz falta.
De repente eu estava lá. Não tinha feito nenhuma cirurgia, mas tinha cicatrizes. De repente, todos os adjetivos desabaram. Caíram sobre mim o vício, o alcoolismo. A bobeira, a mentira... terminando com o cinismo, a hipocrisia sonsa, o discurso religioso, o fato de ser "do bem" como um demérito.
E então ficou tudo escuro. Mas já era tarde: a manhã se insinuava, lenta e clara, pela fresta da cortina. Mais um dia no país dos insones solitários na metrópole se anunciando.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

You can´t always get what you want

Saiu na Época esses tempos uma bela matéria com o Ferreira Gullar falando da dor de se ter um filho esquizofrênico (e bem o sabe ele, que tem dois). No poema Internação, ele diz que "o vento no rosto é sonho".
Tristes tempos de doenças mentais, de doenças emocionais, de dores que não passam, de solidão, de abandono, de negação, de preconceito.

***
E o House continua ganhando espaço nas minhas preferências e no meu caderninho de pérolas.
Ele cura o atual marido da ex, e ela se rende. Diz que não o esqueceu. Que ele é brilhante, engraçado, surpreendente, sexy (menas, menas)... mas ela não pode ficar com ele. Com ele, ela estava sozinha. Já com o atual marido, ela tem espaço.
Sintomático, o diálogo.
House vai pra casa beber seu uísque cowboy e tentar andar sem a bengala - a maldita bengala que compensa o músculo, as dores permanentes, a vida a que aquela mulher o condenou a viver em troca de se bastar.
Não consegue, e cai. E acha no bolso o único companheiro, o alívio imediato, a fuga para a dor e a solidão na forma branca e quase cilindrica do vício.

domingo, 14 de junho de 2009

As time goes by

Há coisas para as quais realmente o tempo é o melhor - senão o único - remédio.
Eu lembro de quando tentei ler Borges pela primeira vez. Primeiranista de biblioteconomia, me sentia praticamente na obrigação de conhecer mais do autor da famosérrima "Biblioteca de Babel". Mas as suas Ficções me pegaram pelo colo e me levaram direto ao encontro de Morpheus.
Com Gabo foi a mesma coisa. Embalada pelo quase-pop "Crônica de uma morte anunciada", achei que ia engrenar os "Cem anos de solidão", que continuaram amargando a solidão sem minha leitura durante um bom tempo.
Mas eis que, como diz o nosso bom bibliotecário argentino, o que não falta ao tempo são dias. E eles passaram. E dei de cara de novo com os Cem Anos, quase dez anos depois. Aí sim, fui tragada pela história e pronto, "O Amor nos tempos do Cólera" veio na esteira.
Agora é a vez de Borges ocupar o outro lado da minha cama, desta vez com o "Livro de Areia". E mal vejo a hora de encontrar as Ficções novamente.
Talvez daqui a pouco a chance de Joyce e seu Ulisses chegue. Mas assumo, como boa bibliotecária e seguidora de Ranganathan, que não li e não pretendo ler José de Alencar.

sábado, 13 de junho de 2009

Stars

Passo um creme novo no corpo depois do banho. O cheiro dele combina com o do sabonete; são da mesma marca. Espalho o creme, e vou para a cama.
Té que demorou pra ela aparecer de novo por estas plagas. Mas o combo Rivo 1mg + Resfenol + chazinho de cidró sucumbiu ao poder de Salvatore Ferragamo e sua sparkling lotion.
Não é a filosofia do livro que me chama a atenção. Estou embriagada pelo cheiro. Procuro reconhecê-lo em mim, em meu ombro, nas minhas mãos, nas pernas, na dobra dos cotovelos, e em nenhum lugar ele é igual a quando estou imóvel, lendo. Fiquei aqui, que nem o perfumista medieval do romance, me consumindo e me tragando a cada golfada de ar, descobrindo novidades em cada dobra da pele, aspirando o cheiro e tentando transformá-lo em indelével impressão, memória laboriosa fixa feito tatuagem ou tiro à queima-roupa.
E então eu as vejo. Incontáveis e pequeninas partículas brilham em cima de mim. Laranjas, rosas, quase verdes, amarelas, vermelhas, brancas. Miríades de pontos de luz e odor sobre todo o meu corpo. A filosofia se perdeu em alguma dessas constelações...
Enquanto isso, ventoinhas a mil.
Decifro-me ou me deixo devorar?
Sou tantas. Várias. Múltiplas. Fera, bicho, anjo, mulher, mãe, filha, irmã, menina, transeunte, vizinha, desconhecida, todas minhas e muito minhas. Fazendo escândalo, pintando as unhas, doendo o corpo, ninando a pelúcia, lendo desbragadamente como quem fuma. Vícios, vícios.
Belos tintos maduros, frescos brancos joviais, trigais, amanheceres e pores de sol.
Cores.
E as flores, morrendo ou sempre-vivas.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Pain

Mas por Tutatis e Belenos, como doi.
Não quero mais dessa vida.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Psycho killer

E lá vem ele. Carpinejando e me arrasando na sexta de noite.

"Homem tem atitudes suspeitas e superstições incontroláveis. Gosta de brigar por mais que desminta e alerte que não suporta discussões. A provocação é uma prova de intimidade. A gente agride apenas quem é capaz de nos perdoar.
Ao contrário do que as mulheres insistem em comentar, o homem não é linear - tentamos preservar essa reputação para não nos complicar. Não fará testes para conferir se é amado ou se é gostoso ou se transa bem ou se vem sendo correspondido, justo porque não aceita o fracasso. Colaria as respostas invertendo a página.
Ele não pergunta toda hora se ela realmente o ama, o que não significa que não é inseguro. Não cria beiço durante o desaforo por pura falta de prática, logo desliza na careta.
Os testes masculinos são de outra ordem. Daquilo que posso chamar de terrorismo psicológico."