terça-feira, 28 de julho de 2009

Idols

ADOOOOORO!
House está diante de uma suspeita de epidemia.
Cuddy diz a ele que essa suspeita eleva o nível de biossegurança a 3.
Ele responde: "Uau, três! Chamou o Jack Bauer?"

A different corner

Mas por que é mesmo, ó deuses, que nos fazem estudar tanto quando as coisas não fazem sentido?
Como é diferente, e interessante, estudar sob demanda.
Agora matriz SWOT, cenários, ambiente externo e interno, tudo isso tem muuuuito mais graça. Até dá pra encarar cursinho de segunda a sexta, 9-to-6.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Il Niño

(ha. Sim, eu achei uma música com esse nome, benzinho!)
Bem, meu anjo, já que não ouves por telefone sem dar um ataque, vai por aqui mesmo.
Isso se leres, não é? Porque tu lês o que quiseres!
Agora que consegui controlar minha risada, quero reforçar o quanto de PENA me dá esse teu comportamento.
Tu me mandaste crescer, tomar no cu, dar pra quem eu quisesse, me foder, e bla bla bla.
Eu só te mando - ou melhor, sugiro - parar e pensar. Porque daqui a cinco, dez, quinze ou vinte anos, não importa, vais estar sozinho por conta dessa neurose. E dessa grosseria.
Tu disseste que eu estava infeliz, e que não sabia de nada que ocorria na tua vida.
Não me interessa agora o que ocorre. Sei que sinto saudades, que ainda gosto de ti. E que tenho pena desse teu comportamento tão grosseiro. Não quis te ofender, nem nada. Só quis pedir minhas coisas de volta. Mas a grosseria fala mais alto. E aí, só me resta rir, e ter pena.
Tu me acusaste de estar bêbada, como em toda vez que eu tento te contatar inesperadamente. Não foi o caso dessa vez; como eu disse, só te liguei porque levei um mês pra me dar conta de que tua capacidade de criar caso por nada e de me levar à culpa foi realmente digna de nota. Mas continuo, depois de todos os desaforos, rindo. Rindo porque sei que a melhor defesa é o ataque. Rio porque sei que não te resta nada pra dizer de mim além de grosserias gratuitas. Rio porque agora sim é que começarei a ficar infeliz: porque, além de me dar conta do nada que foi a nossa separação, dei-me conta do tudo que nos separa.
Agora sei o que é de fato elegância. Sei que não preciso recorrer ao baixo calão, nem aos gritos, nem a nada. Sei, e lamento. E talvez chore, mas não agora, porque o choque está ainda batendo em meus ouvidos.
Se tu quiseres, e fizeres questão, da polícia batendo em tua porta, para que eu pegue meus livros, assim o será. Se tu quiseres, chamo todos os meus amigos babacas para irem também. Chamo quem for preciso, só pra por um ponto final nessa história. E, creia, o pior pra mim ainda está por vir. Ainda vou chorar, vou sofrer, vou passar muito trabalho. Mas não é a primeira, nem será a última vez, que vou sofrer por quem não merece.
Como ouvi duma pessoa esses tempos, é claro que eu gostaria de um companheiro. Achei que fosse tu, infelizmente me enganei. Sonhei um monte de coisas pra nós. Pensei em ti muito, mesmo nesse tempo longe. Senti tua falta, te quis por perto para compartilhar minhas vitórias. Mas sozinha por sozinha, fico só eu, que sou inteira.

domingo, 26 de julho de 2009

Give me the simple life

Fui atrás da dica do toureiro francês que conheci numa noite dessas e cacei um livro do tal Michel Houellebecq. Juntei a fome com a vontade de comer: comprei em Porto Alegre, na minha livraria favorita, e descobri que a capa do livro era arte do meu querido e saudoso Turuga.
Do livro... que dizer? Não achei o portento que a França montou, mas talvez seja o mau hábito de ter lido Caio F. demais. De todo modo, reconheço que dez anos atrás, quando "Partículas Elementares" foi lançado, deve ter causado espécie mesmo. Mas é um bom livro, sem dúvida. E o toureiro acertou direitinho.
Transcrevo aqui uma das passagens:

Também ele só queria amar, mas não pedia nada. Nada de preciso. A vida, pensava Michel, devia ser alguma coisa simples, alguma coisa que se pudesse viver como a soma de pequenos rituais, indefinidamente repetidos. Rituais eventualmente um pouco simplórios, mas nos quais, entretanto, fosse possível acreditar. Uma vida sem riscos e sem dramas. Mas a vida dos homens não estava organizada assim. Às vezes, saía e ficava observando os adolescentes e os edifícios. Uma coisa era certa: ninguém sabia mais como viver. Enfim, exagerava; alguns pareciam mobilizados, empurrados por uma causa, com a vida carregada de sentido. [...] Adolescente, Michel acreditava que o sofrimento concedia ao homem uma dignidade suplementar. Tinha agora de convir: enganara-se. Aquilo que dava ao homem uma dignidade suplementar era a televisão.

A little less conversation

Saramago, meu rei, entrevistado pelo Globo.

O senhor acompanha o fenômeno do Twitter? Acredita que a concisão de se expressar em 140 caracteres tem algum valor? Já pensou em abrir uma conta no site?

SARAMAGO: Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido.

sábado, 25 de julho de 2009

You learn

O tempo vai passando e a gente vai aprendendo. A duras penas, mas aprende.
A gente aprende, principalmente, que pode certas coisas.
Eu aprendi que posso me permitir estar com raiva, ansiosa, sentindo-me injustiçada, achando que tudo está mal resolvido e que eu merecia uma chance de pelo menos dizer de como penso que tudo não passou de uma babaquice.
Aprendi que posso, sim, achar que tudo em volta está um saco, e que mereço um dia de reclusão no conforto e maciez da minha cama, a salvo das especulações e fofocas alheias poluindo meus ouvidos e desviando minha atenção.
Dei-me conta de que é importante priorizar minhas tarefas cotidianas, rotineiras, aquelas nas quais gasto mais tempo e emprego mais energia. Sim, estou falando do trabalho. O resto é o resto.
E, por último, aprendi que putisgrila, aquela terapia foi rápida mas extremamente eficaz. Se não tivesse sido, nada disso estaria passando pela minha mente agora.

***
Ainda sobre isso:
Caiu-me nas mãos um livro que, na verdade, escolhi para dar de presente. Mas como a compulsiva aqui lê até anúncio de cartomante, "As dez lições indispensáveis para começar sua vida", da Maria Shriver, é a leitura do final de semana.
Maria Shriver, pra quem não sabe, é a mulher do Schwarzenegger. E é uma Kennedy, ainda por cima. E jornalista. E conta, no livro, dez coisas que foi aprendendo ao longo da vida e que dividiu com uma turma de formandos dos quais foi paraninfa.
Ela discorda em certos aspectos do meu ponto de vista sobre o trabalho; no entanto, mais tarde, diz o seguinte:

O perfeccionismo não torna ninguém perfeito, mas paralisa. Você não perde o seu valor porque não pode fazer tudo. Você é humano. Não dá para escapar dessa realidade. O objetivo é aceitar a si mesmo. Se Shakespeare fosse uma Mulher-Maravilha, ele teria dito: "Ser ou não ser - é preciso tempo e sabedoria."

Bem, a partir daí, posso até concluir que não estou tão errada assim. Optei por priorizar minha carreira, nesse momento. E preciso reconhecer que, depois de muitos percalços, muitas infelicidades e diversas najices, é uma bela carreira. E até nela eu já aprendi a dizer alguns nãos, e reconhecer o que está fora do meu alcance.
Eu já tive um marido. E durante muito tempo, depois da separação, me torturei entre a gratidão por ele ter me ajudado a chegar até aqui (literalmente, percorrer os 1500km de Porto Alegre ao Rio demandaram muito planejamento) e a mágoa do fim. Mas guardava tudo isso em alguma gavetinha, onde meu proverbial perfeccionismo não deixasse atrapalhar as prioridades do momento: primeiro era o mestrado e suas diferentes fases... depois foi o emprego. Por fim, quando concluí o mestrado e, simbolicamente, terminei o que tinha para fazer aqui, o mundo ruiu. Tudo aquilo represado de repente explodiu, e lá fui eu para uma nova fase. A de reconhecer as próprias fraquezas, a de admitir que se precisa de ajuda. É um processo delicado, tenso, doloroso. Se expor deliberadamente é muito difícil, ainda mais para mim que, como ouvi essa semana, "mostro tanto debaixo do que está sempre coberto". Mas foi absolutamente necessário, e continua sendo - porque é um processo lento também.
Embora lento, às vezes pode ter insights muito reveladores. Lembro-me de um em especial, e creio que ele foi vital para a decisão da minha alta pela psicóloga. Eu lembro que estava quase pegando no sono (isso já era uma fase adiantada, quando o remédio para dormir fazia efeito finalmente) e a revelação veio como um flash: era preciso que eu parasse de me massacrar. Eu podia perfeitamente me perdoar por não ter sido uma esposa perfeita num casamento que iniciei aos 21 anos.
Hoje em dia, passados mais de três anos, ainda acho que deveríamos ter tido uma conversa definitiva, ou essa conversa ainda há de chegar. Talvez num boteco, tomando uma cerveja, ou um chá num café qualquer. Mas me sinto em paz e feliz pelo rumos das nossas vidas, eu com meu sonho profissional, ele com o filho que sempre quis. Permito-me rir à beça com os vídeos do bebezinho e acho que ele não tem nada nem do pai, nem da mãe. Parece-me a tia, ou a prima. Mas enfim, bebezinhos mudam, e a gente também, e eu mudei e me sinto melhor assim.
Do mesmo modo, me permito sentir frustração por aquela situação de que falava lá no começo. É uma ferida recente, uma mágoa recente, e desta vez não tenho os 1500km a me separar do conflito. Mas sei que um dia passa; só espero que desta vez eu possa falar o que me passa pela cabeça e pelo coração, porque não é uma terapeuta que merece ouvir.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Em setembro

Em setembro, quase tudo se repete ao redor.
McDias Felizes, viagens, os mesmos lugares.
Menos as ocasiões.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Father figure

Nestes dias almodovarianos, quase a beira de um ataque de nervos, meu inconsciente procura válvulas de escape. E acha, sempre se acha. Engasguei, pela bilionésima vez, com Carpinejar:

Estou conseguindo ser pai. Muitos não tem nem a chance de ser filho. Não há mais nenhum fracasso possível. Ser pai para receber meu pai de volta. Ser pai para me engasgar na própria risada. Ser pai para se parcelar e não se inundar de vergonha.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

What do you want from me?

De verdade?
Dá pra parar com esse cinismo bobo de ficar fuxicando, olhando, como se eu não soubesse?
Dá pra atender um telefone, responder um e-mail?
Ou dar a cara a tapa e bater na porta ao invés de deixar minhas coisas na portaria?
Tu sentes a minha falta? Também sinto a tua.
Também me senti humilhada. Perdida. Sozinha.
E por coisas que não fiz. Só porque reinvidiquei o direito de ter amigos. Os quais, admito, hoje em dia nem são tão presentes assim.
Vai, comemora.
Mas não deixa de aparecer, se isso te fizer tão feliz.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Amigo

Eu faria homenagens e loas ao dia do amigo, mas estou schopenhaueriana demais pra achar que vale a pena. Até porque depois daquela cena de Roberto e Erasmo engasgados chorando debaixo de chuva, o resto é bobagem.
Meus amigos vão entender, e sabem que prestígio não é algo que se dá somente em datas "especiais" (claro que não, sua tonta, é um chocolate). Meus verdadeiros amigos sabem que não esqueço um aniversário, mesmo que não ligue nem dê sinal de vida; já me viram procurando presentes como quem caça um tesouro; lembram que eu lembro deles a todo momento e tenho essa maldita mania de não querer atrapalhar, que acaba me atrapalhando em explicitar o quanto gosto deles. Mas é isso.
Essa segunda-feira podia acabar duma vez.

Lie to me

Bia, arrebentando, mandando ver, tirando as palavras da minha boca (ou mais daqui de dentro?)...
Será que foi uma mentira?

A gata

Sigo eu ladeira abaixo:
Tô saindo pro almoço, tudo molhado de chuva, e lá está ela caminhando na base da grade do jardim. Pequena e manhosa. E a única que aceita que eu chegue perto, dos vários irmãozinhos que ela tem morando por lá.
E ela começou a reclamar. Era fome, eu sabia. Com aquele tempo, provavelmente a senhora que deixa comida não deve ter aparecido. Ela chorou, reclamou, deu cabeçadinhas na minha mão, desceu do muro pra se esfregar nas minhas pernas.
Parou um sujeito, ficou ali admirando, comentou como são adoráveis e lindinhos. Parou uma colega, perguntou por que eu não a trazia pra casa.
Saí. Meu coração doendo e o olho cheio d´água.
Mas cuidei de salvar um micro-resto de carne do meu prato dentro de um guardanapo. Sabe aquela secreta esperança de reencontrar o cara lindo que a gente viu na esquina passada? Pois é.
Lá estava ela, paradinha e sozinha no mesmo lugar. Um raiozinho de sol na minha segunda cinzenta.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Olhar 43

É aquilo, né?
Uma semana do cão. Mil coisas ao mesmo tempo - um teste de malabarismo, de competência ou de paciência?
Um alien saindo no queixo. Um não, vários. Um só é maior do que os outros, mas são todos de estimação. Malditos hormônios. Maldita tpm.
A solidão batendo - misto dela de verdade e dessa desgraça feminina mensal.
Aquela sensação de workaholismo tomando conta.
A dúvida se se fez a escolha certa. Se não era muito cedo.
Se eu não devia ter comprado chocolate. Ou um prosecco.
Mas na falta do que se entristecer, a gente sempre acha algo pra celebrar.
É aniversário da minha irmã favorita, aquela que pude escolher. Tão irmã que até brigar a gente brigou.
Tenho boas notícias da minha aceitação, do meu trabalho.
Se não tenho com quem comemorar, faço isso sozinha.
Como disse uma moça na Ana Maria Braga essa semana, "bem que eu queria um companheiro, uma cara-metade. Mas metade por metade, fico sozinha que sou inteira".
Compro uma super promoção das quatro temporadas do House.
E abro meu Miolo Lote 43 safra 2004, o melhor vinho brasileiro. Eu mereço.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Blues da piedade

Vamos pedir piedade, Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde


Senhor, piedade pra essa gente que não consegue enxergar o outro. Que não sai da própria miséria. Que esquece de olhar pra cima, pros lados, ao invés de olhar só pro seu umbigo. Ou, pior, aquela gente que não olha no espelho.
Piedade para os incapazes de compreender, de perdoar, de viver em paz. Piedade aos incapazes para a paz.
Tenho pena dos que se julgam injustiçados, dos que se entrincheiram no sofrimento, na auto-indulgência e na crítica severa. Lamento pelos que não conseguem olhar com o olhar do outro, partilhar sua experiência, dar as mãos, encostar as vidas.
Piedade para aqueles que nem diante da perda perdem a soberba e a estupidez e permanecem lá, impávidos e impassíveis, estátuas de gelo, sal e amargura, eternamente apartados do sentimento alheio. Piedade para os inconscientes da solidão humana - todo homem é uma ilha, todo mundo mente, o homem nasce como morre: só.
Piedade para os mais sozinhos que os solitários, os encarcerados da própria verdade, os insensíveis, os idiotas, os grosseiros, os estúpidos, os fracos, os acossados pela pura babaquice, os que nem sabem que sofrem tanto por não se permitirem tocar pelo alívio da normalidade, da humanidade e do bem-estar.
Senhor, piedade para esses covardes, os que se auto-flagelam, os que um dia ainda vão acertar contas consigo mesmos, os que negam o consolo diante da morte, os que não vêem que a sua própria morte um dia vai chegar.
E então, quem estará lá além da sua besta interior?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Smooth criminal

Ouié, eu estou te vendo...

Can you feel it?

E óbvio que a imprensa em geral continua chafurdando da morte do Michael Jackson. Tão cedo, o coitado não descansa.
Mas agora é que está aparecendo o que eu sempre desconfiei: era só uma criança grande. Repito: um Mozart pós-moderno, que não teve tempo nem dinheiro pra brincar quando pequeno e que aproveitou fama e fortuna pra, literalmente, escolher não crescer nunca mais na Terra do Nunca. Um adulto que se divertia pulando de roupas na piscina, atirando balões de água, disparando revolvinhos d´água e ganhando elefantes de presente.
Todo gênio tem algo de perturbador, enigmático, melancólico, trágico.

Vício

Vícios são uma merda mesmo.
Muitos anos depois, eles voltam a nos atormentar.
Fiquei muito tempo contida no campo minado...
mas aí fui obrigada a trocar de sistema operacional.
E com ele voltei ao Mahjong.
E viva a grana em acupuntura que vou gastar em breve.

domingo, 12 de julho de 2009

Living on my own

Eu só queria entender que tipo de direito um cidadão se dá de tomar a vida de outro como se fosse uma posse, uma propriedade, um brinquedo.
Eu só queria saber como é que uma pessoa acha que pode simplesmente ditar as regras pelas quais o outro vai se pautar.
Não sei que tipo de vida adulta é essa em que uma pessoa pensa que deixa ou não o outro fazer o que bem entende. Como alguém já me disse há muito tempo, não há nada que um ser humano adulto não queira fazer que não faça. O problema é que o mulherio, em geral, acaba cedendo daqui e dali e quando vê, não precisa nem de coleira: a pecha de escrava pós-moderna já se instalou e pra sair da gaiola, só com revolução civil.
Às vezes me pego sentindo falta dum carinho, dum afeto, dum simples ficar junto sem fazer nada, ouvindo o silêncio, ou vendo uma bobagem na tevê, ou lendo, ou qualquer coisa, falar ao telefone, contar as novidades... mas a simples possibilidade duma coleirinha chegando perto já me cobre de paúra. Roberto Freire é que sabia das coisas, e podia ter escrito "A maçã", do Raul Seixas, sem problema algum. Amar de verdade e deixar o outro ser o que é pode ser difícil, mas é recompensador. E não esgota nunca aquela duvidazinha de "o que será que ele tem pra me contar hoje". Ser cúmplice, e não algoz, é uma delícia.

Paraíba mulher macho

Amigo meu vendo minhas fotos com jacarés e piranhas a rodo:
- Bah, Lu, tu é muito macho. Eu tinha me borrado todo.

sábado, 11 de julho de 2009

Message from Io

"Não, você não é uma idiota, não mesmo! Não se culpe por errar, se é que houve algum erro, porque são os erros que mostram como acertar. Se o que resultou de uma expressão impensada desse "você atual" (a gente muda) não foi o que vc esperava, tome isso como um crescimento, não como uma punição. Não faça de um revés alimento para auto-flagelação, isso não te acrescentará nada. Reflita sobre a situação e sobre o que você espera de si mesma e siga nessa direção. Acho você muito inteligente, mas lidar com as nossas questões internas e com as do outro requer, além de inteligência, vivência. Vivência=erros+acertos. Não se torture! O que importa mesmo é que essas vivências, boas ou nem tanto assim, tornem você mais íntima de suas reações, anseios e objetivos. Tire qualquer peso de seus ombros e aproveite o que houver de sabedoria nesse momento. Isso é crescimento pessoal: há muitas pedras e todos nós tropeçamos várias vezes. Relaxa!"
Holy crap.
De onde veio isso? De Marte? Ou de um ser humano, sensível, atento, delicado e merecedor do que há de bom e justo na face dessa terra mediocre?

Hallelujah

Estávamos as três com aquela cara de desolação que só o cansaço extremo estampa nas nossas faces. Cinco dias a mais de mil quilômetros de casa, um fuso de diferença, clima completamente diferente, doze horas pra ir, doze pra voltar. Mas estava terminando.
Levantei voo de Congonhas com uma certa lágrima insistindo em cair do olho. Saudade, ou um querer, que tivesse alguém querido com quem compartilhar de perto essa experiência.
Lá pelas tantas a comissária anuncia o serviço de bordo que terminou com algo do tipo "arrozCHRHHelentilhHEEE"
Nos olhamos. Ouvimos direito? Arroz com lentilha?? Não podia ser.
Mas era. O cheiro invadiu nossas narinas assim que o primeiro carrinho passou. Cheiro bom de comida quente, fazendo tanta falta para as três que passaram dois dias a base de sanduichinhos, biscoitinhos e que-tais.
Nunca pensei que fosse gostar tanto dum serviço de bordo.
Aquela comida, aquela minúscula porção, serviu como um happy end da odisséia pelo Brasil afora. Um alento para os que tentam cumprir sua missão do melhor jeito possível.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Unfinished allegro

E aparece na minha frente, numa prova de vestibular, um tapa na cara, um soco no estômago, mais uma pedra no caminho, provação, danação, azar, cansaço.

Por Não Estarem Distraídos
(Clarice Lispector)

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

That´s why (I love you so)

Breaking the habit

Chegando em casa seis da tarde, morta de cansaço como de costume.
O porteiro me vê e cata um pacote do Submarino.
Penso cá com os meus botões: "mas quando foi que comprei isso? o que é isso? tô piorando... não lembro mais das compras que faço..."
Aí olho o pacote: é pruma vizinha chamada Luana.