sábado, 27 de fevereiro de 2010

A minha alma

Il y a toujours quelque chose d'absent qui me tourmente. (Claudel)

Ando sentindo falta dum élan qualquer...
ou da calma sensação de sentir-se completo. Não inteiro, porque inteiros somos sempre - exceto se somos hipócritas, ou medíocres - mas completo.
Sinto falta de ter o coração cheio, esperançoso, desejoso. Sinto falta do desejo. Da vontade. Daquela coisa que tira a gente da cadeira e leva pro cabeleireiro e não ao supermercado, que gasta dinheiro no massoterapeuta ao invés de se auto-amassar desajeitadamente. Daquela espera ansiosa pelo dia, pela tarde, pela noite.
Ando sentindo falta de estar em paz sendo só. Um mês de calma doce e inesperada, de companhias adoráveis e de surpresas que essa capa de concreto já não achava serem possíveis acabou por escorraçar a paz que estava tão bem por aqui.
O problema é que sempre tem aquele coração imbecil de manteiga, que não apodrece nunca, o maldito. Ele não se acostuma, não cede, não concede, não abre exceção, não deixa o cimento entrar e aliviar o desconforto. Ele não endurece, não facilita.
Muito ruim ser instável para quem já foi completo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Assim, assim

Fevereiro é assim, assim.
Todo fevereiro tem algo de esquisito no ar.
Sempre acontece alguma coisa, embora nem sempre esteja ventando como Ana Terra sempre notava.
Pois neste fevereiro sou eu quem estou assim, assim.
Me achando assim, assim.
Bem maisoumenos. Meio feinha, meio gordinha, meio sem-gracinha. Assim, assim.