domingo, 18 de outubro de 2009

Voltando ao pago

Mais uma da série "bem roubadinho"... dessa vez, foi da Kaleidoskope girl:

Desgarrado!
O flete do meu destino
se tornou um andarilho,
boleou-se fora dos trilhos
sem direção e sem rumo
e me trouxe junto pro mundo
me mostrando outra existência,
paragens, novas querências,
me viciando a ser andejo,
necessidade não é desejo,
é questão de sobrevivência.

Me desgarrei do Rio Grande
levando uma carreta de sonhos,
deixei lá tropa de desenganos,
apartei uma ponta de esperança,
ajoujei minhas lembranças,
repontei tudo e vim para cá
tentando me aquerenciar.
Mas não é fácil, a la pucha:
esquecer minha terra gaúcha,
pois meu coração ficou lá!

É tristeza pro gaúcho
viver longe do seu pago,
tem a sede de um afago,
alguma coisa lhe falta,
é sua alma que lhe salta,
desembesta e cabresteia,
é o desejo que ponteia
de um dia poder voltar,
pois cansou do seu andar,
saudade botou maneia.

Quando mateio solito,
o olhar perdido à distância,
montado na esperança
negaceio o meu destino,
e pra ganhar do teatino
atropelo o pensamento,
dou de luz no sentimento,
emparelho com a saudade
e ganho a felicidade
na carreirada do tempo.

Nos meus sonhos eu me engancho
no lombo do meu futuro,
é a vontade, pêlo duro,
que quer rever minha querência,
dou de rédea na paciência,
não fico mais pra estes lados;
saudoso, um caco e atirado,
largado pelas tabelas,
boto sebo nas canelas,
deixo de ser desgarrado.

Estou voltando pro meu pampa
Tapado de judiaria,
aquilo que mais queria
tornou-se realidade,
vou me apartar da saudade,
me estou orelhando com a sorte,
o sentimento é mais forte,
não vou esperar que me mande:
Eu volto para o Rio Grande,
nem que seja após a morte.

Nenhum comentário: