Já sei, já puxaram minhas orelhas sobre meu peculiar romantismo fim-de-século (pra não usar o termo exato - pessimismo). Até porque não concordo com isso: só acho que é uma maneira menos poliana de ver a vida, mais pé no chão, com menos expectativas e tentando se frustrar menos.
Encontro alguns parceiros nesse Weltschmerz-way-of-life no meio do percurso. Caio F., apesar do desencontro temporal, me parece sempre como um irmão, uma alma gêmea, um perdido nessa selva de concreto e humanidade como eu. Lendo agora sua "biografia", escrita pela amiga Paula Dip, sinto-me mais próxima dele, que foi muito mais desapegado do que eu, muito mais capaz de se aproximar da miséria, e talvez muito mais humano. Mas não adianta: Weltschmerz uma vez, para sempre Weltschmerz. E parece que em breve I'll wear it like a tattoo.
Por enquanto, fico com este trecho duma carta do Caio. Tão singular e tão universal.
"Querida mãe, querido pai: não sei mais conviver com as pessoas. [...] Tenho vivido tão só durante tantos - quase 40 - anos. Devo estar acostumado... Estou me transformando aos poucos num ser humano meio viciado em solidão. E que só sabe escrever. Não sei mais falar, abraçar, dar beijos, dizer coisas aparentemente simples como 'eu gosto de você'. Gosto de mim. Acho que é o destino dos escritores. E tenho pensado que, mais do que qualquer outra coisa, eu sou um escritor. Uma pessoa que escreve sobre a vida - como quem olha de uma janela - mas não consegue vivê-la".
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
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