Sigo na batalha de tentar ser menos burrinha nas ciências ditas exatas, mas não perco de vista as leis do Ranganathan - e quando me sinto muito desafiada na minha compreensão, sei que Stephen Hawking me perdoa e pulo páginas mesmo, sem perdão. No cômputo geral, "O Universo numa Casca de Noz" continua me parecendo um belo livro, e me fez entender que a Física não é assim tãããão exata quanto nos fazem pensar na escola. Aliás, por que é que a gente tem de se entupir dessas coisas na escola e se tapar de nojo por tanto tempo de algo tão bacana?
Mas comecei a escrever porque, além de descobrir que sou muito mais ignorante do que eu já pensava sobre o nosso ilustre doutor (eu achava que ele sempre tinha sofrido da doença que o acomete, mas agora sei que a esclerose lateral amiotrófica só foi diagnosticada nele aos 21 anos, e isso o deu tempo pra ter três filhos e atualmente um neto bem fofucho), li umas coisas interessantíssimas no livro que dizem respeito diretamente ao meu humilde trabalhinho.
Em 2001, Hawking escreveu:
Se você enfileirasse todos os livros novos que estão sendo publicados um ao lado do outro, você teria que correr a cento e cinquenta quilômetros por hora apenas para acompanhar a frente da fila. Naturalmente, no ano 2600 [...], se o crescimento exponencial continuasse, apareceriam dez artigos por segundo em minha área da física teórica, e nenhum tempo de lê-los. (p. 159)
Agora imaginem que numa escala ligeiramente menor (porque em âmbito apenas nacional), é a tarefa da minha equipe captar toda a produção bibliográfica brasileira, catalogar, classificar e indexar, para permitir que no país inteiro bibliotecários não percam mais tempo fazendo o mesmo trabalho, indicando qual é o estado da arte da bibliografia brasileira e facilitando o acesso a obra (sem falar, obviamente, na quantidade estrondosa de pessoas que atendemos diretamente, seja nos salões de leitura ou através dos serviços remotos). Em números, isso quer dizer que entram no meu salão cerca de 3 mil volumes todo mês, pra ficarmos só nos livros. E isso é mais ou menos metade da produção editorial brasileira, porque infelizmente nem todo mundo sabe que existe uma lei prevendo não só o envio de um exemplar de cada obra para nós como uma punição bem bacana que acabaria de vez com nosso problema de verba se fosse devidamente aplicada. Além disso, ainda temos os desafios infindáveis de recuperar informações de catálogos antigos, buscar obras que não foram depositadas quando deviam, processar doações e coleções antigas, bolar jeitos melhores de organizar o pouco espaço que temos...
Deu pra entender por que é que eu chego em casa exausta todo dia?
domingo, 16 de agosto de 2009
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