Fui atrás da dica do toureiro francês que conheci numa noite dessas e cacei um livro do tal Michel Houellebecq. Juntei a fome com a vontade de comer: comprei em Porto Alegre, na minha livraria favorita, e descobri que a capa do livro era arte do meu querido e saudoso Turuga.
Do livro... que dizer? Não achei o portento que a França montou, mas talvez seja o mau hábito de ter lido Caio F. demais. De todo modo, reconheço que dez anos atrás, quando "Partículas Elementares" foi lançado, deve ter causado espécie mesmo. Mas é um bom livro, sem dúvida. E o toureiro acertou direitinho.
Transcrevo aqui uma das passagens:
Também ele só queria amar, mas não pedia nada. Nada de preciso. A vida, pensava Michel, devia ser alguma coisa simples, alguma coisa que se pudesse viver como a soma de pequenos rituais, indefinidamente repetidos. Rituais eventualmente um pouco simplórios, mas nos quais, entretanto, fosse possível acreditar. Uma vida sem riscos e sem dramas. Mas a vida dos homens não estava organizada assim. Às vezes, saía e ficava observando os adolescentes e os edifícios. Uma coisa era certa: ninguém sabia mais como viver. Enfim, exagerava; alguns pareciam mobilizados, empurrados por uma causa, com a vida carregada de sentido. [...] Adolescente, Michel acreditava que o sofrimento concedia ao homem uma dignidade suplementar. Tinha agora de convir: enganara-se. Aquilo que dava ao homem uma dignidade suplementar era a televisão.
domingo, 26 de julho de 2009
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