domingo, 12 de julho de 2009

Living on my own

Eu só queria entender que tipo de direito um cidadão se dá de tomar a vida de outro como se fosse uma posse, uma propriedade, um brinquedo.
Eu só queria saber como é que uma pessoa acha que pode simplesmente ditar as regras pelas quais o outro vai se pautar.
Não sei que tipo de vida adulta é essa em que uma pessoa pensa que deixa ou não o outro fazer o que bem entende. Como alguém já me disse há muito tempo, não há nada que um ser humano adulto não queira fazer que não faça. O problema é que o mulherio, em geral, acaba cedendo daqui e dali e quando vê, não precisa nem de coleira: a pecha de escrava pós-moderna já se instalou e pra sair da gaiola, só com revolução civil.
Às vezes me pego sentindo falta dum carinho, dum afeto, dum simples ficar junto sem fazer nada, ouvindo o silêncio, ou vendo uma bobagem na tevê, ou lendo, ou qualquer coisa, falar ao telefone, contar as novidades... mas a simples possibilidade duma coleirinha chegando perto já me cobre de paúra. Roberto Freire é que sabia das coisas, e podia ter escrito "A maçã", do Raul Seixas, sem problema algum. Amar de verdade e deixar o outro ser o que é pode ser difícil, mas é recompensador. E não esgota nunca aquela duvidazinha de "o que será que ele tem pra me contar hoje". Ser cúmplice, e não algoz, é uma delícia.

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