sábado, 15 de março de 2008

Deixa a vida me levar

... pra onde?
Pro imobilismo de sempre, só que agora numa cama em Porto Alegre?
Minha mãe se despediu dizendo que eu "continuasse ficando cada vez mais leve". Nos dois sentidos: do efeito anorexígeno que resolvi levar adiante e do humor.
Fluoxetina devia fazer parte do kit da Globo para atores iniciantes. Fica bem mais fácil fazer de conta que se está contente e dá pra rir bastante. No entanto, aquela partezinha racional que já foi indelevemente tocada pelo Schopenhauer, pelo Nietzsche e por toda mínima consciência da falta de sentido da vida continua aqui, maquinando, funcionando a pleno vapor, fazendo eco no oco do coração.
O problema, como já diria um grande amigo meu, é de dentro pra fora. A sabedoria popular já cristalizou isso na célebre "quem ama o feio, bonito lhe parece". Não é o mundo que nos seduz, é a gente que se deixa seduzir. Não é o céu que é mais azul, é o olho que baixou o filtro cinza. Aqui, já estou acariocando. Lá, nunca deixo de ser gaúcha.
A doçura nestes pagos acaba me destruindo e piorando minha equação já quase sem solução. Aqui, mais aberta e mais disposta, qualquer sorriso, qualquer promessa de acolhimento já me arrebata e me leva pra onde for. Lá, se virem nos 30, nos 60, no que quiserem: a esfinge permanece indecifrável.
Aqui, continuo divagando. Lá, nem às paredes confesso.

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