quarta-feira, 30 de abril de 2008

La critique

Gosto de tua narrativa, teu senso de corrosão e a dose mínima de nilismo que tu sabes fazer acompanhar tuas tiradas e elucubrações. Digamos que no aspecto literário, possues uma dinâmica contemporânea e afinada com os fatores antro-psico-sociais temporais de tua existência. Ou seja; você é sem dúvida uma "menina da hora".
Mas como nem aos anjos de olhos de jade, é franqueada a chatice da perfeição, te sobra fé na humanidade e isso terminantemente não é bom e talvez (eu disse talvez) alimente a vã idéia que a figura do outro é importante na construção de tua felicidade.
Você é a Lulux, e a Lulux se basta! Não esqueça disso!

Affe.
Depois disso, só cabe o "obrigada", Turuga, e o silêncio...

April come she will

Liguei a tevê apenas para desligar de imediato.
Apaguei a luz, larguei os óculos por cima do livro e me acomodei na roupa de cama amarfanhada, ouvindo a súbita torrente de água que despencou na Guanabara nos estertores de abril.

sábado, 26 de abril de 2008

Enter Sandman

Pelamordedeus, e rápido.
Porque pra ter este laudo da polissonografia, não precisava ter passado a noite numa clínica.
Aqui diz:
"Sumário de achados: Baixa eficiência do sono, a custa de dificuldade de iniciar o sono e consequentes alterações em sua arquitetura, porém não identificamos fatores sugestivos de causalidade.
Impressão: Alterações inespecíficas do sono."
NÃO DIGA.

Days of glory

É.
Nós dominamos a Baía.
Seis dias de fuzuê total e absoluto - tão absoluto que não deu nem tempo de pensar em posts.
Quem viu, viu.
Quem não viu, perdeu.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

It's oh so quiet

Shhhhh.

terça-feira, 15 de abril de 2008

A minha gratidão é uma pessoa

É fácil culpar os outros
Mas a vida não precisa de juízes
A questão é sermos razoáveis

Umbrella

E chove.
E chove.
E chove.
E eu levando cantadinhas do porteiro.
É bom que o condomínio inteiro sabe quando estou chegando ou saindo, porque ele berra BRANQUINHAAAAA, e se duvidar até minha mãe em Porto Alegre está sabendo dos meus horários pelo meu papagaio de plantão.
Hoje cheguei debaixo de chuva perguntando se o Noé já tinha passado por ali. Ele custou a entender, mas quando pescou a jogada disse que a arca estava sendo montada na garagem. E acrescentou:
- Ó, só dá pra botar uma fêmea de cada bicho. Se fosse eu, escolhia você dos humanos.

***
Depois dessa, subi pro meu soninho de beleza ao som reconfortante da chuva batendo na janela, esperando que uma hora parasse pra eu poder finalmente ir ao super fazer comprinhas básicas e já em falta no domicílio, tais como papel higiênico.
Acordei pela segunda vez nove da noite, sem barulho. Dessa vez vai ter de ir, sua preguiçosa de marca maior.
Fui, jantei, comprei o que precisava e o que não precisava tanto assim e voltei pra casa. Piso no hall e digo "graças a Deus parou de chover". Ao que o nosso querido porteiro replica "Por enquanto! Você vai ver amanhã cedo, na hora de ir trabalhar, vai estar chovendo!"
Entrei em casa, guardei as compras, abri a janela...
e lá estava ela de novo.
A chuva.

domingo, 13 de abril de 2008

Nostalgías

Esse é velhotinho e estava perdido no meio dos meus alfarrábios, mas me deu saudade dele.

Fui ajeitar o travesseiro como sempre, alisando o tecido e tirando os cabelos soltos quando dei de cara com aquilo.
Aquilo não me pertencia.
Aquele não era meu cabelo.
Era um maldito fio de cabelo negro.
Uma maldita mini lembrança daquela noite. Daquela maldita noite em que ele estragou tudo, tudo.
Eu só queria entender por que é que ele teve a idéia de trazer vinho. O melhor vinho do meu ano. Nem me liguei que era um tinto numa noite quente.
Mandei pastar a bagunça da casa. Liguei o som, fiz um ar casual. Escondi todos os vestígios do tufão que fui pondo tudo dum jeito minimamente apresentável. Tirei o lixo, escondi roupas, escovei os dentes. Eu sabia que ele nem se importava com meus óculos, mas troquei pelas lentes do mesmo jeito.
Aí ele chegou com aquele vinho e aquele sorriso. E aquela cara, querendo apanhar num relance todas as minhas coisas, toda a minha casa, tudo que era meu. Me aprendendo em cinco segundos. Me tomando no colo, dando um jeito no som, dominando o terreno.
Abrindo o vinho.
Impressionando com o pequeno ritualzinho de degustação - um belo vinho.
E largando a taça em menos de dez minutos, e me tomando, e me levando, e fechando janelas, e ligando ventiladores, e perguntando o que diabos Dom Pedro II, em barbas e capa de revista, estava fazendo na minha cama. Nem respondi.
Aí ele ficou ali, fazendo nada comigo, ouvindo o ventilador e vendo a cortina esvoaçar enquanto eu mexia nos cabelos dele e passava meus dedos bem de leve nas costas. No torso, na coluna, medindo cada centímetro daquela pele tão perto da minha.
Aí ele continuou o desastre. Virou de leve e disse "ai que carinho bom. Era isso que eu precisava. De alguém pra dormir comigo". E não me largou nas seis horas seguintes.
Eu sei porque não dormi. Preocupada. Porque ele disse que não ia ficar. Pensando, pensando, pensando... como sempre. Eu devia era aprender a parar de pensar, desligar as máquinas. Eu devia era ter só ficado ouvindo a respiração dele ali do meu lado, agarrado na minha mão como se fosse o último ursinho do mundo.
Por que?
Por que ele não esperou mais meio segundo de desdém quando eu disse que estava ficando com frio pra puxar a coberta?
Por que foi que ele acordou e me olhou com a cara mais calma do mundo, e disse "bom dia" como se fosse o décimo nono dia?
Por que foi que ele tornou aquela noite uma noite de paz e de sossego? Por que foi que aquele dia começou como se fosse um BOM dia?
Não era um bom dia. Era só mais um dia começando com um cara na minha cama, cacete. Mas o cara era doce. E deixou lá em casa meia garrafa de vinho e uns fios de cabelo...

Don't talk just kiss

Duas das recentes pérolas ouvidas por estes ouvidinhos que a terra há de comer:

- Já chega, falei demais sobre mim. Fala tu agora de mim um pouco!

- Amanhã (13, hoje, portanto) é dia do beijo.
- Como assim?
- Assim, ué, que nem 22 de setembro é dia do amante.
- Ah... E qual deles nós vamos comemorar?

sábado, 12 de abril de 2008

The lion sleeps tonight

O resultado da minha polissonografia só sai dia 24, mas depois da noite de quinta-feira descobri que posso dormir até debaixo d'água.
Eram fios e mais fios colados em mim com colódio na pele limpa com álcool. Quase dez na cabeça, um em cada têmpora, dois debaixo do queixo, um em cada perna, três monitores cardíacos, um microfone colado no pescoço, um oxímetro agarrado no meu indicador esquerdo, duas faixas medidoras de movimento no tórax e no abdome e - tortura suprema - uma pequena máscara de plástico, uma borboletinha de anteninhas que entravam no meu nariz e corpo que ficava por cima da boca, de onde evidentemente saía mais um fiozinho que monitorava a entrada e saída de ar.
Meia hora de preparação na qual fui o ser mais feliz do universo por só ter pijamas de inverno: a suíte devia estar a uns 18 graus. A Patrícia, técnica da clínica, uma gracinha, riu bastante das minhas piadas, se compadeceu da paciente da Ilha do Governador que não conseguiu sair de casa por conta da chuva e por fim, lá pelas dez e pouco da noite, lá estava eu: um experimento colado a um monitor nada remoto, numa cama de clínica, debaixo dum edredon pensando como é que eu ia fazer para seguir à risca a orientação da Patrícia de ficar à vontade para me mexer que nada daquilo ia desgrudar. E pior: em algum momento eu tinha de dormir.
É evidente que a coisa podia piorar. Dez da noite ela fecha a porta e me dá boa-noite, não sem antes me indicar onde ficava o interruptor para chamá-la em caso de necessidade. Oras, faz uns bons dez anos que não durmo antes das onze nem por um decreto. Claro que meu corpinho trabalha com estes horários e plá, lá pelas onze tive de lançar mão do interruptor para testar como é que se ia ao banheiro com aquela parafernália toda. E se vai exatamente COM A PARAFERNÁLIA TODA. Ela despluga o monitor e vamos todos nós, eu e meus apêndices eletroeletrônicos, exceto o oxímetro que sai do dedinho e eu páro por uns minutinhos de ser um ET-telefone-minha casa, dedo vermelho brilhando no escuro.
Resolvido o problema, meu organismo resolveu cooperar e funcionar exatamente como funciona em casa. O que quer dizer que dormi e acordei três vezes... na terceira, seis e pouco da madrugada... Patrícia abre a porta e anuncia "Bom dia!" Whatahell.
Mais meia hora de éter pra tirar a fiação toda... cafezinho da manhã, bora pra casa dormir mais uma horinha na minha cama que eu mereço.
Mas tem colódio na minha cabeça até agora. Só a acetona vai me salvar do mico de andar com uns grumos de cola Tenaz no meio dos cabelos.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Age of loneliness

É inevitável.
Chuvinha lá fora, ploc, ploc, ploc, eu arrumando mochila pra passar a noite no "hotel" mais caro da minha vida, dorzinha de cabeça e aquele sentimento de que essa noite vai ser uma merda interminável.
E cadê não se sentir o ser mais solitário do mundo?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Pijama

Às vezes são as coisas mais prosaicas que nos perturbam a tranquilidade.
Tive que catar do fundo do baú um pijama que tivesse botões e tirar o esmalte das unhas antes dele ficar definitivamente não apresentável.
Tudo isso pra dormir fora de casa uma noite. E pior, saber que vou ser acordada lá pelas seis da madrugada. Isto é, SE eu conseguir pegar no sono na versão médica do Big Brother.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

The principles of lust

The principles of lust are easy to understand:
do what you feel and feel it until the end.
The principles of lust are burnt into your mind
Do what you want, do it until you find love

Oh céus.
Dois pecados capitais e uma violação aos Dez Mandamentos duma tacada só.
E é desse jeito que espero ir pro céu...

A verdadeira maionese

Todo mundo sabe que Tangos e Tragédias só tem graça se alguém da platéia se presta a fazer alguma micagem.
Dessa vez, na ilustre presença de Herbert Vianna na primeira fila do Canecão, fui eu.
Primeiro pedi "A Verdadeira Maionese", um clássico. Ao que fui prontamente atendida.
Depois, já no final, pedi o "Tango da mãe".
Eis que Pletskaya, meu ídolo, me olha diretamente e diz "não, senhora, essa não está mais no repertório. Há muito tempo! A senhora conhece isso há muito tempo, não? Não está nem no dvd. Tá bem conservada a senhora, né?"
Rateei. Respondi que era Chronos, mas devia ter dito que era a água termal da Sbornia.
Depois, nos autógrafos, fui lá.
"Pô, Nico, eu sei que vocês não tocam mais, é que eu nunca ouvi ao vivo, só no disco!"
E ele: "Eu vi que tu era uma criança! Mas é que não dava pra perder a piada!"
Nós, que nascemos na Sbornia, é que nos entendemos. Bah!

sábado, 5 de abril de 2008

Sábado de sol

(em algum lugar foi. Aqui foi bem nubladinho)
Saio da meditação debaixo das cobertas atraída pelas vozes da dublagem.
Oh céus, que presente.
Os Três Mosqueteiros. Athos, Porthos, Aramis. Kiefer Sutherland, Oliver Platt, Charlie Sheen. E de brinde ainda tem o Tim Curry, impagável.
É sempre bom ver de novo essa interpretação:

As morning hues of sun swept fire caress your passion face.
Alone with thee in pure desire, to worship your untold grace.
My soul would cry in silent prayer, for hours spent apart.
Your essence warms the evening air, as I dance into your heart.

(Shakespeare? Aramis.)

Junta com um chimas e pronto. Que dia mais feliz.

Good luck

Sorte de hoje: Em breve você mudará seu método de trabalho atual

Oh my. Nunca quis tanto que esse trocinho funcionasse.

Eppur si muove

O que me impressiona nas pessoas é a rapidez com que estão no tatame de novo.
Sinceramente, não consigo.
Dizem que, nas mulheres, a memória da dor é muito efêmera, senão nenhuma se disporia a engravidar mais de uma vez para passar por outro parto. Acho que meu cérebro é masculino justamente nessa parte. A lembrança daquela sensação, do peito rachando ao meio, da derrota, da humilhação, do esforço, do trabalho, do desespero e da solidão não-consentida não larga do meu pé.
Pior é contar com a opinião abalizada de um psiquiatra que diz que "em casos assim, de mudança ambiental muito brusca, é muito difícil alcançarmos a normalidade, mesmo com a medicação. O máximo que se consegue é o conforto."
Já sei disso, doutor. Mas até o conforto é passageiro.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Crazy train

É o fundo do poço, mesmo.
Perdi o show do Ozzy porque fiquei dormindo.

(a parte de ser praticamente em outra galáxia e o preço não precisam entrar aqui. Estragam a dramaticidade da coisa)

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Orinoco flow

Ou é o vazio das palavras, ou é uma enxurrada tamanha que não dá nem pra saber por onde começar.
Dor de cabeça, medinho, ansiedade, nostalgia, aquela peninha funda, funda, loneliness.
Será que agora vai ou agora não?

terça-feira, 1 de abril de 2008

Lie

Abro o olho, olho pro rádio relógio e ele está marcando 10:59.
CARAAAAAAAALHO ESTA MERDA NÃO TOCOU!
Saio voando e sangrando em meio a cólica, manchei o lençol, cato a roupa que embestei de usar ontem e para a qual o dia hoje está muito quente, engulo quase ao mesmo tempo água, guaraná e iogurte, que dor de cabeça fdp, meu pezinho está doendo, zuuuuum, tudo rápido, rápido, tô atrasada pra dedéu, vou ter de pegar um táxi, passa protetor na cara, pega o relógio, bota no pulso...
e são nove e meia.
Até meu despertador me prega peça de primeiro de abril. Eu mereço.