segunda-feira, 17 de maio de 2010

Preciso te dizer

E eu aqui, vinte pras seis da manhã, sem conseguir dormir, arruinando a segunda-feira.
Mas não tem ninguém pra se incomodar com um teclado furiosamente martelado a essa hora, então... nada como botar pra fora, não é mesmo?
Então vamos.
Apesar do kerb de aniversário ter sido ótimo - e espero que os que se fizeram presentes não se ofendam - o que a gente acaba sentindo mais são as ausências. E eu notei várias, neste ano.
E fiquei chateada, apesar de saber que isso é problema meu. Mas não consigo deixar de achar que é uma hipocrisia tremenda, além de uma óbvia falta de educação, ausentar-se de uma data destas na vida duma pessoa que a gente já disse que amava, ou já disse que era importante, ou qualquer merda dessas que só eu sou tola o suficiente pra acreditar, mesmo que faça um puta esforço pra levar na flauta.
No fundo, no fundo, estou é rezando pra que Belisama me dê a luz de uma vez, me tire desse túnel, ou me dê uma marretada na cabeça pra que eu esqueça desse povo. Qualquer coisa. Um cimentinho pro coração véio aqui, ou um procedimento do "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", tão valendo. Novos amores não, obrigada.
Porque sentir falta dos outros é bem ruim, mas pior é saber que eles estão cagando pra isso.

***
E não, não consigo parar de pensar em "O segredo dos seus olhos" quando penso em todas as coisas que se deixaram mal resolvidas pra mim. Porque não é possível que a coisa seja tão unívoca assim. E lá vou eu pra mais um spoiler...
... porque o filme diz basicamente que o grande lance é esperar, que um dia tudo se resolve. Nem que leve vinte e cinco anos...
e eu, que já andei vivendo umas coisas dessas, não sei se espero que o tempo seja bonzinho comigo e um dia finalmente apague tudo de mim, ou rezo pra que todo mundo se sinta como eu, quase tão prisioneira como na cela da condenação perpétua, aquela onde tanto prisioneiro quanto carcereiro estavam - para sempre ligados pelo destino, para sempre afastados pela mágoa.
Qual deles tinha a vida mais cheia de nada?
Da maioria dos ausentes, mantenho uma distância dolorosa, mas necessária. Auto-preservação, sabe como é? Da última vez que tentei fazer um mise-en-scène de amenidades foi um desastre. Voltei pra casa ferida de morte.

Eu sei, o coração perdoa
Mas não esquece à toa
O que eu não esquec
i

Parece tudo revanchismo? Talvez. Talvez seja só o mal de se ter mil meios de topar com os outros nessa era de redes sociais. Pode ser também só uma nostalgia daninha que acomete os que tem dificuldades de esquecer. Talvez eu só esteja sofrendo de ataque de injustiça e queira algum tipo de reparação, nem que seja saber que os outros também sofrem. Mas eu acho que não queria isso, não. Não é o sofrimento dos outros que vai me trazer paz. Não quero celas perpétuas. Quero a liberdade de poder andar sem mochilas pretas nas costas... sem bagagem, sem dramas, sem histórias mal contadas.
São elas, as bandidas que me amarram na cadeira do computador enquanto o tempo era de sono.

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