sábado, 12 de abril de 2008

The lion sleeps tonight

O resultado da minha polissonografia só sai dia 24, mas depois da noite de quinta-feira descobri que posso dormir até debaixo d'água.
Eram fios e mais fios colados em mim com colódio na pele limpa com álcool. Quase dez na cabeça, um em cada têmpora, dois debaixo do queixo, um em cada perna, três monitores cardíacos, um microfone colado no pescoço, um oxímetro agarrado no meu indicador esquerdo, duas faixas medidoras de movimento no tórax e no abdome e - tortura suprema - uma pequena máscara de plástico, uma borboletinha de anteninhas que entravam no meu nariz e corpo que ficava por cima da boca, de onde evidentemente saía mais um fiozinho que monitorava a entrada e saída de ar.
Meia hora de preparação na qual fui o ser mais feliz do universo por só ter pijamas de inverno: a suíte devia estar a uns 18 graus. A Patrícia, técnica da clínica, uma gracinha, riu bastante das minhas piadas, se compadeceu da paciente da Ilha do Governador que não conseguiu sair de casa por conta da chuva e por fim, lá pelas dez e pouco da noite, lá estava eu: um experimento colado a um monitor nada remoto, numa cama de clínica, debaixo dum edredon pensando como é que eu ia fazer para seguir à risca a orientação da Patrícia de ficar à vontade para me mexer que nada daquilo ia desgrudar. E pior: em algum momento eu tinha de dormir.
É evidente que a coisa podia piorar. Dez da noite ela fecha a porta e me dá boa-noite, não sem antes me indicar onde ficava o interruptor para chamá-la em caso de necessidade. Oras, faz uns bons dez anos que não durmo antes das onze nem por um decreto. Claro que meu corpinho trabalha com estes horários e plá, lá pelas onze tive de lançar mão do interruptor para testar como é que se ia ao banheiro com aquela parafernália toda. E se vai exatamente COM A PARAFERNÁLIA TODA. Ela despluga o monitor e vamos todos nós, eu e meus apêndices eletroeletrônicos, exceto o oxímetro que sai do dedinho e eu páro por uns minutinhos de ser um ET-telefone-minha casa, dedo vermelho brilhando no escuro.
Resolvido o problema, meu organismo resolveu cooperar e funcionar exatamente como funciona em casa. O que quer dizer que dormi e acordei três vezes... na terceira, seis e pouco da madrugada... Patrícia abre a porta e anuncia "Bom dia!" Whatahell.
Mais meia hora de éter pra tirar a fiação toda... cafezinho da manhã, bora pra casa dormir mais uma horinha na minha cama que eu mereço.
Mas tem colódio na minha cabeça até agora. Só a acetona vai me salvar do mico de andar com uns grumos de cola Tenaz no meio dos cabelos.

Um comentário:

Carol disse...

Afinal vc dormiu quantos minutos, 25? kkkkkkk