quinta-feira, 15 de maio de 2008

Bad medicine

Antibiótico, descongestionante, combo intravenoso, yadda yadda.
Eu devia era ganhar cartão fidelidade da farmácia.

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Não sei se é o silêncio externo ou a agitação interna o que me enlouquece mais ultimamente.
Tanto, tanto que nem escrevo. Não dá pra (se) organizar assim.

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Mas sobrou lucidez pra separar um excerto do livro que me tem consumido ultimamente. O Passado. Tá lá, nas palavras de Alan Pauls, na boca de Sofía, na página 258 do calhamaço, marcado com minha bula do fortificante que de nada adiantou:

"Ninguém se separa, Rímini. As pessoas se abandonam. Essa é a verdade, a verdade verdadeira. O amor até pode ser recíproco, mas o fim do amor não, nunca. Os siameses se separam. Mas não se separam, tampouco: porque sozinhos não conseguem. Um terceiro precisa separá-los: um cirurgião, que corta pelo meio o órgão ou o membro ou a membrana que os une com um bisturi e derrama sangue e na maioria das vezes, diga-se de passagem, mata, mata um deles, pelo menos, e condena o outro, o sobrevivente, a uma espécie de luto eterno, porque a parte do corpo pela qual estava unido ao outro fica sensibilizada e dói, dói sempre, e se encarrega de lembrá-lo, sempre, de que não está nem nunca vai estar completo, que isso que lhe tiraram nunca mais poderá ter de novo."

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E como só se funciona bem sob pressão nesta bodega, finalmente mandei imprimir e encadernar minha filha. Aos quarenta e sete do segundo tempo, ameaçando o grau, lá estão: cento e cinquenta páginas vezes sete cópias, quatro espirais, três brochuras com douração, duas cópias em cd e pronto, parto é finito e entremos na derradeira depressão, agora com a dissertação debaixo do braço enrolada em cueiros limpos e de fraldas trocadas.

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