segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Ustê

Xico Sá strikes again:

A PELEJA DO FROUXO X O CANALHA

“Pois saibam todos vocês: prefiro um bom canalha a um homem frouxo.” A sentença de Carol, sem deixar um farelo de dúvidas sobre a mesa repleta de bebidas e acepipes, fez com que alguns de nós levássemos a mão ao queixo. como se todos virássemos, naquele instante, ingênuos pensadores de Rodin ou paralisadas estátuas de sal, como na Bíblia. Pense. Pense em um momento solene!
A frase nem era para tanto, mas saiu tão afirmativa, tão sem dúvida ou vacilo, que balançou até a plaqueta do “Fiado só amanhã” do boteco.

[...]

Ela não repetiu a frase, não carecia, a frase ecoava como uma sentença romana e voltava a balançar as garrafas, a mexer com os presentes, os vivos e os que por ali passavam àquela altura.

O canalha, concluímos, sem que ela dissesse mais nada, merece mais respeito porque é mais explícito, a mulher já entra na história sabendo, e ainda pode ter momentos líricos, passionais, bonitos, pois todo canalha é, no fundo, um devoto, ajoelha-se diante de uma fêmea como um romeiro diante do seu santo predileto.
O frouxo representa, sem nenhum distanciamento, a maioria dos homens contemporâneos e o chove-não-molha da hora. O indeciso, o confuso, melhor, o “cafuso”, como dizia o velho Didi Mocó, essa gréia toda, essa onda, essa fuleiragem social clube. O fraco não se apresenta para valer no jogo, titubeia, faz que vai e acaba não “fondo”, como dizia, no seu genial futebolês, o Dedeu, um desses tantos macunaímas da bola, cearense que brilhou (pelo menos na prosódia) no Clube Náutico Capibaribe.

Triste escolha essa: o canalha ou o fraco. Mas vai ver, amiga, tem coisa melhor por ai dando sopa. Só sei que nada sei sobre esse assunto, como diria o grego complicado. Melhor ainda, como diria Roberto Carlos das antigas: “Só agora eu sei, o que aconteceu/quem sabe menos das coisas/sabe muito mais que eu!”

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