Das coisas pitorescas que aprendi aqui no Rio, sem dúvida os ritos de final de ano são os mais interessantes.
Esqueçam aquele negócio de peru no Natal e porco no Ano-Novo: aqui é bem mais comum bacalhau e peru, ou o que tiver, respectivamente. E tem ainda o misterioso Dia de Reis - que além de ser uma data interessantíssima do calendário cristão, ainda por cima faz o milagre de marcar hora pra desmontar o fuzuê do Papai Noel.
Pois não bastasse tudo isso, ainda fui agraciada com a chance de conhecer e frequentar uma família que fez desse dia uma tradição. Há sei lá eu quantos anos - pelo menos duas décadas, com certeza - aquele povo ótimo faz uma festa de arromba no Dia de Reis. A função é inacreditável: tem simpatia pra todos os gostos, começando pelos carocinhos de romã atirados pela janela em honra de Belchior, Gaspar e Baltazar, passando pela folha de louro pra colocar na carteira e chegando na rosca com papeizinhos na massa, que dão direito a brindezinhos incrivelmente simpáticos providenciados pela dona da casa. Isso sem falar no resto do cardápio, com o estonteante bolo de chocolate da tia com sorvete, cachorro quente, sanduichinhos e todo tipo de parafernália capaz de animar uma festa para... hm.... eu diria talvez cinquenta cabeças. Ah sim, e fora tudo isso todo convidado sai de lá com um mimo especial de dia de Reis, para dar sorte durante o ano todo. Neste ano, foi um saquinho com bobagenzinhas do tipo band-aid, borracha em formato de coração, velinha... e para cada coisinha a dona da casa inventou um argumento irresistível que dá vontade de andar com o kit de ano bom na bolsa para todo o sempre. Tipo batkit, sabe? Tudo uma delícia.
Pois então. E ainda tem gente que tem o culhão de estragar esse tipo de festa. Só matando.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
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